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Uma resposta às superbactérias? Descoberta pode ajudar em tratamentos

Cientistas descobriram que o compartilhamento de genes entre bactérias do organismo humano é 30% maior que o de outras no resto da natureza - Getty Images/iStockphoto
Cientistas descobriram que o compartilhamento de genes entre bactérias do organismo humano é 30% maior que o de outras no resto da natureza Imagem: Getty Images/iStockphoto

Luiza Ferraz

Colaboração ao UOL

11/04/2019 18h37

Resumo da notícia

  • Estudo detectou que bactérias se comportam de forma diferente no corpo humano
  • Com melhor entendimento do fenômeno, medicina pode aprender a lidar melhor com superbactérias
  • Até bactérias de diferentes partes do corpo humano compartilham genes

Um estudo realizado pela Universidade de Illinois (EUA) descobriu que bactérias do corpo humano estão compartilhando genes umas com as outras em uma taxa mais alta do que em outros seres vivos. O curioso é que elas parecem estar viajando por diferente órgãos, independente de qual seja o seu habitat.

Essa apuração só foi bem-sucedida devido ao método de mineração de dados moleculares que mostrou as instâncias da 'Transferência Lateral de Genes', em que um organismo transfere material genético a outro que não é seu descendente.

"Se conseguirmos entender melhor esse fenômeno, podemos causar um grande impacto na saúde pública, já que a preocupação com bactérias resistentes a remédios e antibióticos tem crescido", afirmou Arshan Nasir, um dos cientistas responsáveis pelo estudo, à revista científica Nature.

Na análise, os cientistas usaram informação genética para desenvolver milhares de árvores genealógicas das bactérias que colonizam o corpo humano. Ao conciliar essas famílias, eles conseguiram diferenciar quais eram os genes herdados e quais eram resultados da transferência lateral.

Em métodos convencionais, são comparadas as características de DNA ou semelhanças entre genomas para conseguir descobrir os genes estrangeiros. No entanto, eles acabam não sendo efetivos na identificação de eventos que aconteceram há milhões ou bilhões de anos.

Os microrganismos estudados foram retirados de partes do corpo humano, como boca, sangue, pele, intestino e vias respiratórias. Eles são os responsáveis por manter a saúde física. Com isso, os cientistas descobriram que o compartilhamento de genes entre as nossas bactérias é 30% maior do que no resto da natureza.

Além disso, também foi descoberto que o compartilhamento genético ocorre em uma taxa maior em diferente órgãos do que bactérias vivendo no mesmo ambiente.

Essa descoberta, que facilitará a compreensão do que é hereditário e o que foi criado pelo nosso próprio organismo, também dá início a uma nova era para análises relacionadas a micróbios e à evolução humana.