Topo

Cúpula sobre clima precisa estender Kyoto, dizem especialistas

10/05/2007 14h57

LONDRES (Reuters) - A cúpula sobre o clima que acontece em dezembro na Indonésia precisa lançar negociações formais pela extensão do protocolo de Kyoto, que só vale até 2012, senão pode haver escassez de alternativas, disseram especialistas na quinta-feira.

O tempo para o fechamento de um novo acordo está se esgotando. Diplomatas prevêem que leve dois anos para negociar um novo pacto, e depois mais dois anos para que ele seja ratificado pelos governos.

Muitos enviados de 166 países que participam de um encontro inicial em Bonn esta semana afirmam que estão mais pessimistas quanto à perspectiva do início concreto de negociações formais a partir da cúpula indonésia.

Sem um progresso decisivo, talvez sobrem só opções que representem um retrocesso, disse à Reuters Artur Runge-Metzger, chefe da Unidade de Mudança Climática da Comissão Européia.

"Há um grande número de reuniões programadas. Dizer agora que Bali será um fracasso seria um equívoco muito grande."

Para ele, é necessário um plano claro de ação. "Um programa de trabalho, ou seja lá que nome tenha, que defina o que precisa ser feito. Parte desse programa já foi decidida no ano passado em Nairóbi", acrescentou, referindo-se ao acordo para rever o protocolo de Kyoto e para que os países que já adotam teto de emissão de gases-estufa negociem novos limites.

Mas os analistas já estão pensando em estratégias para preencher o vazio que provavelmente existirá entre 2012 e a adoção de um novo tratado.

"Embora seja preferível ter um novo conjunto de mandatos já a partir de 2012, precisamos preparar alternativas. Podemos ter um acordo que valha a partir de 2015 e no ínterim manter os tetos já existentes", disse Elliot Diringer, diretor de estratégias internacionais do Centro Pew sobre Mudança no Clima Global.

Para Diringer, mesmo em 2009 será difícil dar início a negociações formais pela extensão de Kyoto, já que o novo governo dos Estados Unidos vai estar se instalando. Os EUA retiraram-se do atual pacto de Kyoto em 2001.

Líderes empresariais do mundo todo dizem precisar de perspectivas claras sobre as políticas futuras relativas ao clima, para fazer investimentos em infra-estruturas que podem durar mais de 40 anos. Uma dessas políticas é o mercado de carbono, que exige que os grandes poluidores comprem licenças para emitir gases-estufa.

A União Européia adotou recentemente metas de corte de emissões até 2020, independentemente de Kyoto. "Já tomamos essa decisão", disse Runge-Metzger.