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Cientistas pedem ação urgente do G8 sobre clima

Por Jeremy Lovell

16/05/2007 13h44

LONDRES (Reuters) - Importantes cientistas do mundo todo pediram na quarta-feira aos líderes dos países ricos que parem de discutir sobre o aquecimento global e que, ao invés disso, adotem medidas urgentes para enfrentar o problema.

As academias de ciências dos países do Grupo dos Oito (G8) -- Grã-Bretanha, EUA, Rússia, França, Alemanha, Canadá, Japão e Itália -- além das academias de cinco importantes países em desenvolvimento -- Brasil, África do Sul, Índia, China e México -- fizerem o apelo antes da cúpula do G8 que acontece na Alemanha, em junho.

"A urgência da situação significa que decisões difíceis precisam ser tomadas agora a fim de oferecer instrumentos para desestimular a emissão de carbono", afirmou Martin Rees, presidente da Royal Society, da Grã-Bretanha.

"Podemos fazer muitas coisas por meio de mudanças positivas tais como desenvolver novas tecnologias ou tornar mais eficiente o uso dos sistemas já instalados", acrescentou.

Neste ano, os cientistas já haviam dito que as temperaturas do planeta podem subir algo entre 1,8 e 4 graus Celsius neste século devido à queima de combustíveis fósseis nos setores de transporte e produção de energia.

Esse aumento das temperaturas provocaria enchentes, secas, tempestades e crises de falta de alimentos, colocando a vida de milhões de pessoas em perigo.

A Alemanha, que ocupa neste ano a Presidência do G8, tenta ver aprovado na cúpula que acontece de 6 a 8 de junho um comunicado contundente a respeito da necessidade de adotar medidas para limitar o aumento médio das temperaturas neste século a apenas 2 graus Celsius acima do nível registrado antes da era industrial.

COMÉRCIO DE COTAS DE CARBONO

O país também deseja que a cúpula acerte diminuir, até 2050, as emissões de carbono para um nível 50 por cento menor que os de 1990 e que promova um sistema de comércio de cotas de carbono como instrumento para elevar o preço das emissões e, assim, incentivar a criação e adoção de tecnologias limpas.

Mas os EUA, com o apoio do Canadá, continuam resistindo à adoção de metas ou cronogramas e continuam rejeitando a criação de um mercado mundial de cotas de carbono, algo que consideram um endosso tácito às metas de emissão.

Os líderes da China, do México, da Índia, do Brasil e da África do Sul também participarão do encontro do G8.

"Enfrentar o desafio das mudanças climáticas é algo que exigirá uma ação coordenada de todos os países do G8 e da Índia, da China e de outros países em desenvolvimento que registram altas taxas de expansão", disse Rees, observando que mesmo a meta de conter a elevação das temperaturas em 2 graus Celsius seria difícil de ser atingida.

O Protocolo de Kyoto é o único acordo global selado até hoje com a imposição de metas de emissão dos gases do efeito estufa. Mas esse tratado vigora até 2012 e não conta com a participação dos EUA, que o classificam como um suicídio econômico e que o criticam por não impor metas de emissão a países como a China e a Índia.

A fim de alimentar sua economia em franca expansão, a China, que segundo projeções feitas atualmente deve, dentro de um ano, superar os EUA na qualidade de maior poluidor do mundo, constrói uma nova termelétrica alimentada por carvão a cada quatro dias, em média.

O comunicado conjunto das academias de ciências do G8 e dos cinco países em desenvolvimento pediu aos governos que incentivem o uso mais eficiente de energia, detenham o desmatamento, compartilhem as tecnologias limpas e invistam mais intensamente em fontes de energia que não emitem carbono.