Tailândia quer remédio anti-Aids ainda mais barato que Brasil
Vichai Chokevivat, mentor da polêmica iniciativa de quebrar as patentes do Kaletra e de duas outras drogas, disse que a oferta da Abbott ao Brasil -- mil dólares por paciente/ano -- ainda é muito cara em comparação com as versões genéricas, que saem a 695 dólares por ano.
"Esta é a mesma oferta que fizeram à Tailândia há poucos meses com a condição de que parássemos o licenciamento compulsório. Esta é uma condição que não podemos aceitar", disse ele à Reuters.
A Tailândia diz ser legal o licenciamento compulsório que anunciou recentemente para dois medicamentos anti-Aids e para um remédio para o coração. O país diz que a decisão respeita as regras da Organização Mundial do Comércio. Ativistas aplaudiram a iniciativa, enquanto os laboratórios protestaram.
Até agora, não houve acordo nas negociações de preços da Tailândia com três laboratórios --Abbott, Merck e Sanofi-Aventis. Bangcoc já está importando versões genéricas do Efavirenz, da Merck.
A Abbott manteve sua oferta de mil dólares por paciente/ano para uma versão do Kaletra em tabletes que dispensam refrigeração, o que é adequado a um lugar tropical como o Sudeste Asiático.
O laboratório se recusa a registrar novos medicamentos na Tailândia enquanto não for resolvida a questão da licença compulsória. As negociações devem recomeçar em duas semanas, segundo Vichai.
"Se o preço original for cinco por cento superior ao do produto genérico, vamos considerar o produto original. Se for mais, vamos considerar o produto genérico", afirmou o funcionário.
A Tailândia é elogiada por ter conseguido reduzir o ritmo da epidemia de Aids e de oferecer tratamento a mais de 100 mil dos seus 580 mil portadores do vírus HIV.
Mas o governo diz sofrer pressões orçamentárias, já que está aumentando a procura pelo tratamento na rede de saúde pública, que atende a mais de 80 por cento dos 63 milhões de tailandeses.
O ministro da Saúde, Mongkol na Songkhla, disse nesta semana que o governo cogita quebrar mais duas patentes neste ano. Uma fábrica estatal de remédios deve ser reformada a partir de outubro para atender aos padrões da Organização Mundial da Saúde.
No ano passado, a imprensa local disse que o Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária pararam de financiar um projeto de fabricação de drogas contra a Aids porque a fábrica estatal não atendia aos padrões da OMS.