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ONU vê taxa global sobre carbono com ceticismo

Por Deborah Zabarenko

01/08/2007 23h02

Um dirigente da ONU manifestou na quarta-feira dúvidas a respeito de uma taxa global sobre a emissão de carbono, dizendo que impostos nacionais seriam uma saída possível e que leis impondo limitações aos poluentes responsáveis pelo aquecimento global seriam melhores para as empresas.

"Pessoalmente sou cético em relação à noção de taxas globais sobre o carbono", disse Yvo de Boer, que dirige a Convenção da Organização das Nações Unidas sobre a Mudança Climática.

Um acordo internacional sobre tal taxa iria demorar muito, disse De Boer, e poderia levar ainda mais tempo para que os valores arrecadados chegassem à ONU e fossem destinados à luta contra o aquecimento.

Falando em entrevista coletiva durante a primeira reunião da ONU integralmente dedicada à mudança climática, De Boer afirmou que alguns países individualmente, como a Holanda, já adotaram impostos ambientais.

Mas, segundo ele, os impostos nacionais não oferecem um progresso previsível na redução das emissões de dióxido de carbono, o principal dos gases do efeito estufa, embora possam oferecer uma arrecadação previsível.

Ele defendeu as chamadas leis de limitação e troca, que restringem as emissões de carbono, mas criam mecanismos para a comercialização de créditos --países e empresas que não atingem o teto venderiam seu "direito" de poluir.

"O que a comunidade empresarial está pedindo no momento é uma certeza de longo prazo, limites claros às emissões impostos pelos governos para que eles saibam que tipo de decisões de investimento têm de tomar", disse De Boer.

O Painel Intergovernamental da ONU sobre a Mudança Climática diz que as emissões de gases do efeito estufa precisam ser reduzidas em 50 por cento até 2050, mas sem investimentos contra a mudança climática as emissões podem na verdade aumentar 50 por cento nesse período, segundo De Boer.

Ele disse que o mundo vai provavelmente investir 20 trilhões de dólares nos próximos 20 a 25 anos para atender à demanda energética provocada pelo crescimento econômico. Para tornar esses investimentos "verdes", seriam necessários investimentos adicionais de talvez 100 bilhões de dólares por ano, segundo ele.