Brasil está pessimista com reunião ambiental proposta por Bush
"O debate dos Estados Unidos não representa outro caminho", disse a jornalistas João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente. "Queremos que o assunto da mudança climática permaneça nas Nações Unidas."
Embora o Brasil "não espere uma mudança no comportamento" dos grandes emissores de gases do efeito estufa durante o debate convocado por Bush para 27 e 29 de setembro em Washington, Capobianco disse que o país comparecerá ao evento.
"Se os Estados Unidos abrem o debate, evidentemente isso nos interessa a todos, embora deva ficar claro que no nosso entendimento o foco do debate é a ONU", insistiu Capobianco após uma reunião internacional sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável no Rio.
O encontro de Washington pode abrir as portas para que os Estados Unidos participem de um acordo global sobre emissões no futuro, depois de rejeitar o Protocolo de Kyoto.
TRABALHO INSATISFATÓRIO
No Rio, representantes de países das Américas, da Europa, da África e da Ásia discutiram durante dois dias o papel dos organismos que regem a coordenação internacional de proteção ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável.
Os participantes concordaram que o trabalho desses órgãos é insatisfatório diante dos crescentes problemas ambientais, segundo funcionários brasileiros.
Mas não chegaram a uma conclusão sobre se os organismos existentes, como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, têm de ser reforçados ou se será necessário um novo organismo mais forte, no estilo da Organização Mundial da Saúde.
A chamada "Reunião Ministerial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sutentável -- Desafios de Governabilidade" foi convocada pelo Brasil, que convidou ao Rio países tidos como os de maior atuação no tema.
O debate continua em 27 de setembro numa reunião na ONU, em Nova York.
Ao abrir o evento no Rio, na segunda-feira, o chanceler Celso Amorim propôs a criação de uma nova entidade dentro do sistema da ONU para reforçar o âmbito institucional da governabilidade ambiental internacional.
A ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, disse na terça-feira que as fontes de financiamento continuam sendo o principal entrave às discussões sobre o desenvolvimento sustentável e o meio ambiente, ainda que tenha havido algum avanço.