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Células-tronco mostram potencial para tratar pulmão em roedores

Por Ben Hirschler<br>De Londres

18/09/2007 14h49

Pesquisadores britânicos conseguiram implantar células pulmonares cultivadas a partir de células-tronco embrionárias nos pulmões de camundongos, técnica que um dia pode oferecer tratamento para seres humanos com problemas respiratórios severos.

As células-tronco são vistas como uma tecnologia promissora para o tratamento de doenças como diabete e mal de Parkinson, mas as moléstias respiratórias não costumam ser incluídas nesse rol, devido à complexidade do tecido pulmonar.

Segundo Sile Lane, do Imperial College em Londres, as novas pesquisas são um avanço significativo, mas ainda pode levar anos para que a técnica possa ser testada em seres humanos.

"Nosso estudo mostra que as células-tronco embrionárias realmente têm capacidade de recolonizar pulmões lesionados", disse ela.

Lane afirmou ao congresso anual da Sociedade Respiratória Européia que as células injetadas nas veias da cauda dos camundongos migraram para os pulmões em dois dias, sem sinal de ter se disseminado para outros órgãos.

Se uma técnica semelhante funcionar em seres humanos, ela pode oferecer uma alternativa aos transplantes de pulmão, que são difíceis e caros, além de ajudar pacientes com graves lesões nos pulmões causadas por doenças ou acidentes.

Mas isso não vai acontecer num futuro tão próximo. "As células-tronco são polêmicas e não se comprovaram seguras ainda, portanto não sabemos ainda o que pode acontecer se as colocarmos em pessoas", disse Lane numa entrevista por telefone.

"E o tecido pulmonar é complicado arquiteturalmente e celularmente. Vamos precisar de todo tipo de plataforma para replicar a estrutura tridimensional."

As células-tronco são as células mestras do corpo, que dão origem aos vários tipos de tecido do corpo. As retiradas de embriões poucos dias depois da fertilização, as chamadas células-tronco embrionárias, são as mais maleáveis, capazes de produzir todos os tipos de célula.

Seu uso é polêmico porque exige a destruição do embrião humano. E, como são muito imaturas, pode ser difícil controlá-las, o que suscita a preocupação de que elas possam causar problemas graves ou câncer.

De acordo com Lane, há a possibilidade de as células-tronco terem um papel importante no tratamento de doenças pulmonares, mesmo se não forem implantadas no corpo. Uma opção seria incorporá-las a máquinas que oxigenam o sangue fora do corpo, enquanto os pacientes esperam pela cirurgia, disse ela.