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Clima vai alterar viagens nas próximas décadas, diz ONU

Por Laura MacInnis<br>Da Reuters

02/10/2007 11h51

O aquecimento global fará com que muitos turistas fiquem em casa ao longo das próximas décadas, alterando radicalmente o padrão de viagens e ameaçando empregos e empresas em países que dependem dessa atividade, segundo uma sombria avaliação de especialistas da ONU.

O Programa Ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Meteorológica Mundial e a Organização Mundial do Turismo disseram que as preocupações com o efeito estufa e a pressão contra as emissões de poluentes em viagens aéreas tornarão os vôos de longa distância menos atraentes.

Turistas da Europa, da América do Norte e do Japão tenderão assim a passar suas férias nos próprios países ou nas vizinhanças, aproveitando os verões mais longos, segundo os especialistas.

Em um relatório preparado para uma conferência da ONU sobre mudança climática e turismo, eles projetaram que o aquecimento global vai reduzir a demanda por viagens entre o norte da Europa e o Mediterrâneo, entre a América do Norte e o Caribe e entre o nordeste da Ásia e o Sudeste Asiático.

"A redistribuição geográfica e sazonal da demanda turística pode ser muito grande para destinos individuais e países até meados para o final do século", disseram as agências.

"Esta mudança nos padrões de viagem podem ter implicações importantes, inclusive proporcionalmente mais gastos do turismo em nações [de clima] temperado e proporcionalmente menos gastos em nações mais quentes, agora frequentadas por turistas de regiões temperadas".

Porém, o setor turístico como um todo deve crescer entre 4 e 5 por cento ao ano, sendo que os desembarques internacionais devem atingir 1,6 bilhão em 2020, praticamente o dobro do número atual.

Em alguns países pobres e insulares, o turismo representa até 40 por cento do PIB.

Autoridades de países turísticos, como Maldivas, Fiji, Seicheles e Egito, disseram à conferência que as mudanças nos destinos e os danos ecológicos provocados pelo aquecimento global representam sérias ameaças para as empresas e os empregos nesses lugares.

"O turismo é um catalisador da economia. Se você atinge o setor turístico, automaticamente isso abala todo o maquinário econômico", disse Michael Nalletamby, do Departamento de Turismo das Seicheles, durante a conferência de Davos.

Christopher Rodrigues, presidente da estatal britânica VisitBritain, disse que o setor precisa encontrar formas de reduzir os efeitos do turismo sobre o meio ambiente, o que por sua vez afeta o setor de saúde.

"O maior risco é que o sucesso do setor turístico se transforme na sua própria ruína", disse ele na conferência.