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Jornal chinês acusa EUA de hipocrisia no espaço

Reuters<br>De Pequim

21/02/2008 09h30

Um influente jornal chinês acusou na quinta-feira os Estados Unidos de hipocrisia por criticarem as ambições espaciais de outros países, mas rejeitarem um tratado sobre o espaço e dispararem um míssil para destruir um satélite norte-americano.

Os EUA dispararam na quarta-feira o míssil contra o satélite defeituoso alegando que a peça poderia liberar combustível tóxico se voltasse à atmosfera terrestre.

No começo deste mês, Rússia e China propuseram um tratado para proibir armas no espaço e o uso da força contra satélites e outras naves. Mas Washington rejeitou a proposta, que considerou inviável, e disse favorecer medidas informais que gerem confiança mútua, segundo o New York Times.

A China, que também abateu um satélite seu em janeiro de 2007, está monitorando a destruição do satélite norte-americano.

"A ação dos EUA...pode influenciar a segurança do espaço e pode prejudicar outros países", disse Liu Jianchao, porta-voz da Chancelaria chinesa, em entrevista coletiva.

O Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês, foi além, acusando os EUA de terem ambições espaciais perigosas e serem ambíguos.

"Os Estados Unidos não vão abandonar facilmente sua vantagem militar baseada na tecnologia espacial, e estão empenhados em expandir e explorar plenamente tal vantagem", disse o artigo na capa da edição internacional do jornal, publicada antes de Washington confirmar que um dos seus mísseis atingiu o satélite.

Quando a China testou um míssil anti-satélite, há um ano, o governo Bush e outros países qualificaram a ação como perigosa.

O jornal estatal chinês disse que os EUA foram hipócritas. "Os Estados Unidos, principal potência espacial do mundo, costumam acusar outros países de desenvolverem vigorosamente uma tecnologia espacial militar, mas diante da proposta sino-russa de restringir os armamentos espaciais, eles correm de medo daquilo que dizem amar."

Um tratado de 1967 proíbe a instalação de armas de destruição em massa, inclusive nucleares, no espaço. A proposta de Rússia e China envolveria também armas convencionais.

(Reportagem de Chris Buckley e Ben Blanchard)