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Rio de Janeiro avalia pedir ajuda a Cuba para conter dengue

Rodrigo Viga Gaier<br>Do Rio de Janeiro

02/04/2008 13h36

O Rio de Janeiro pode pedir ajuda a Cuba para combater a epidemia de dengue no Estado caso as medidas que estão sendo tomadas, como a contratação emergencial de pediatras de outros Estados, não surtirem efeito, afirmou nesta quarta-feira o governador Sérgio Cabral Filho.

"Até domingo eu e o secretário de Saúde estaremos avaliando (pedir ajuda), porque Cuba tem excelente tradição na área de saúde pública, de solidariedade com os povos que precisam de apoio", disse Cabral a jornalistas após evento no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste, uma das áreas com maior número de casos de dengue na capital.

COMBATE ÀS FILAS

Decisão da juíza Anna Eliza Duarte Diab Jorge obriga Estado de município do Rio de Janeiro a acabar com as filas no atendimento a casos de dengue. Caso filas não sejam extinguidas, a administração pública pode sofrer cortes nos cofres em outras áreas, como lazer e publicidade, para dar prioridade máxima ao combate à epidemia.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, rechaçou na quarta-feira o título de "ministro da dengue" usado pela oposição e afirmou que em anos eleitorais é difícil combater a doença no Brasil.

"Existe uma lição que o Brasil já deveria ter aprendido e não aprendeu. Todos os anos que há disputa eleitoral nos municípios a guerra contra a dengue perde. Se desmobilizam programas, servidores e se faz politicagem menor com algo tão grave. Isso é um absurdo", afirmou Temporão a jornalistas, em Brasília.

O ministro manifestou preocupação com o aumento de casos de dengue nos Estados de Rondônia, Pará, Amazonas, Rio Grande do Norte e Bahia.

Em São Paulo, foi confirmada nesta quarta-feira a primeira morte por dengue do ano - uma mulher de 18 anos, em fevereiro, no município de Praia Grande. Outras duas mortes estão sendo investigadas, uma em Barueri e outra em Osasco. As informações são da Secretaria Estadual de Saúde.

No Rio de Janeiro, a doença já provocou a morte de ao menos 67 pessoas este ano, sendo que a metade das vítimas era criança. O Estado contabiliza mais de 43 mil casos da doença em 2008.

Cabral acrescentou que os pediatras de outros Estados vão começar a chegar ao Rio no fim de semana, como 15 profissionais cedidos pelo Rio Grande do Sul.

O déficit de pediatras na rede fluminense é de 154 médicos, de acordo com o governo. "Temos tendas de hidratação para serem inauguradas em vários pontos do Rio, mas não temos médicos", alertou Cabral.

Os hospitais do município, Estado e governo federal estão lotados de pacientes com dengue e as filas de espera levam muitas horas. A procura pelos hospitais de campanha das Forças Armadas também tem sido intensa desde o início da semana, quando foram inaugurados.

O Secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, ofereceu nesta quarta-feira os batalhões da Polícia Militar e delegacias da Polícia Civil para atendimento aos pacientes com dengue no Rio.

A proposta de Beltrame é que hospitais e unidades de hidratação sejam montados nos pátios de batalhões e delegacias para dar vazão aos hospitais do Rio.