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Dois japoneses e um americano levam Nobel de Física

Em Estocolmo

07/10/2008 14h04

Dois cientistas japoneses e um norte-americano nascido no Japão dividirão o Prêmio Nobel de Física deste ano por suas pesquisas com partículas subatômicas, anunciou o comitê do Nobel nesta terça-feira.

Yoichiro Nambu, um norte-americano nascido em Tóquio, e os japoneses Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa receberam a prêmio em vista de pesquisas independentes que ajudaram a explicar, lançando mão de processos conhecidos como quebra de simetria, por que o universo é composto em sua maior parte de matéria e não de antimatéria.

Esses cientistas contribuíram para a decifração da existência e do funcionamento das menores dessas partículas, conhecidas como quarks.

Nambu, professor da Universidade de Chicago, foi reconhecido por ter descoberto o mecanismo da quebra espontânea de simetria. Essa teoria ajuda a dar sustentação ao Modelo Padrão de física, que unifica três das quatro forças fundamentais da natureza: forte, fraco e eletromagnético (deixando de fora a gravidade).

O pesquisador influenciou ainda o desenvolvimento da cromodinâmica quântica, uma teoria que descreve algumas interações entre prótons e nêutrons (partículas que formam os átomos) e entre os quarks que formam os prótons e nêutrons.

Nambu ficará com metade do prêmio de 10 milhões de coroas suecas (1,4 milhão de dólares); a outra metade caberá a Kobayashi, da Organização do Acelerador de Grande Energia do Japão, e Maskawa, da Universidade Kyoto.

Kobayashi e Maskawa propuseram a existência de seis tipos diferentes de quarks -- para cima, para baixo, estranho, charmoso, inferior e superior. A teoria foi mais tarde confirmada em experimentos realizados com partículas de grande energia.

"O fato de o nosso mundo não se comportar de forma perfeitamente simétrica deve-se a desvios da simetria em nível microscópico", afirmou o comitê. Essa quebra de simetria permitiu às partículas da matéria superar em quantidade as partículas da antimatéria.

Isso é algo importante para todos os seres vivos -- porque se o universo fosse totalmente simétrico, a antimatéria estaria constantemente se chocando com a antimatéria e explodindo em jatos de energia.

Kobayashi disse que a notícia de sua premiação surpreendeu-o. "Sinto-me muito honrado e não posso acreditar nisso", afirmou.

Maskawa, no entanto, disse não ter ficado surpreso.

"Há um padrão na forma como os prêmios Nobel são distribuídos. Eu achava que não receberia o prêmio antes do ano passado, mas previ que o receberia neste ano", disse o cientista à agência de notícias Kyodo.

"Estou muito feliz com o fato de o professor Yoichiro Nambu também ter sido agraciado. Eu mesmo não estou tão contente. Essa é um evento ostensivo realizado para a sociedade."

Os físicos buscam agora a quebra espontânea de simetria, o mecanismo de Higgins, que atirou o universo em seu atual desequilíbrio na época do Big Bang, 13,7 bilhões de anos atrás.