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Combate à Aids ainda tem enormes desafios, dizem especialistas

Por Tan Ee Lyn

10/08/2009 10h12

Sanitaristas de vários países defenderam na segunda-feira a revogação de antiquadas leis contra a prostituição e a homossexualidade, para que portadores do vírus da Aids e pessoas em situação de risco possam receber tratamento médico.

"O principal desafio é superar toda a questão do estigma e da discriminação, revogando leis e legislações ultrapassadas que (alguns) países têm," disse Prasada Rao, diretor da equipe de apoio da Unaids (agência da Organização das Nações Unidas contra a Aids) na Ásia/Pacífico, que participa uma conferência de quatro dias sobre o assunto, a partir de segunda-feira.

Os especialistas disseram que, embora tenha havido progressos na pesquisa e tratamento da Aids, ainda há enormes desafios pela frente.

"Todo este progresso não é significativo se não tratarmos do estigma e da discriminação nesta região. Crianças pequenas (seja as infectadas ou as que têm familiares infectados) ainda estão sendo expulsas das escolas," disse Rao na conferência. "Isso precisa mudar. Senão, o progresso não é possível."

Mais de 25 anos depois de o vírus HIV ser identificado, ainda há forte preconceito contra grupos de maior risco, como homens homo ou bissexuais e prostitutas.

Em todos os lugares do mundo, a criminalização de comportamentos envolvendo o uso de drogas ilícitas, a prostituição e o sexo entre homens prejudica seriamente os programas de prevenção e apoio, segundo ativistas.

"Para os homens homossexuais, precisamos alcançar essas pessoas, mas se o seu comportamento é criminalizado, eles não vão aparecer para dizerem que precisam de ajuda. Esse é um caso clássico de conflito entre a saúde pública e a segurança pública," disse Loretta Wong, que dirige a entidade Aids Concern, com sede em Hong Kong.

"Se eles não receberem acesso a serviços e tratamento, sua saúde não pode ser monitorada, eles não serão submetidos a exames. Em vez disso, serão levados ao submundo, e haverá o risco de as infecções aumentarem," acrescentou.

A conferência também ouviu fortes apelos por mais acesso ao tratamento. Especialistas dizem que mulheres e crianças são particularmente excluídas.

"Deveríamos estar atingindo o acesso universal até 2010. Não vamos cumprir estas metas particularmente no tratamento," disse David Cooper, professor de Medicina e diretor do Centro Nacional de Epidemiologia e Pesquisa Clínica do HIV, da Austrália.

Ao longo de 2007, o número de pessoas que recebem drogas para controlar o HIV cresceu quase 950 mil, chegando a cerca de 3 milhões. Isso, no entanto, significa uma cobertura de apenas 31 por cento das pessoas necessitadas.