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EUA aprovam primeiras linhagens "éticas" de células-tronco

Por Maggie Fox

02/12/2009 18h06

O governo dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira as primeiras 13 linhagens de células-tronco embrionárias humanas, abrindo caminho para seu uso em pesquisas com verbas federais e refletindo o anúncio do presidente Barack Obama, em março, no sentido de eliminar algumas restrições.

Essas linhagens foram produzidas com verbas privadas por dois pesquisadores da Universidade Harvard e da Universidade Rockefeller, segundo Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Saúde dos EUA.

A decisão libera esses e muitos outros pesquisadores para usarem verbas federais nas suas pesquisas com tais linhagens de células-tronco, que são uma espécie de "manual de instruções" do organismo, capazes de dar origem a qualquer órgão ou tecido do corpo, o que abre a perspectiva de cura para diversas doenças e lesões.

"Hoje estamos anunciando a aprovação das primeiras 13 linhagens de células-tronco", disse Collins a jornalistas por telefone. "Chegamos ao ponto em que temos linhagens de células-tronco declaradas elegíveis para o uso sob esta nova política."

Alegando obstáculos éticos ao uso de embriões, o governo conservador de George W. Bush impunha restrições ao uso de verbas federais nas pesquisas com células-tronco embrionárias. Em março, seu sucessor Barack Obama suspendeu parte dessas restrições.

Mas Obama não pôde suspender uma restrição que foi imposta pelo Congresso, a chamada emenda Dickey-Wicker, que proíbe o uso de verbas federais para a produção das células-tronco. Por isso, só será possível o uso das verbas públicas em linhagens já existentes.

Adversários da prática a equiparam ao aborto, por destruir embriões. Defensores alegam que esses embriões, descartados em clínicas de fertilização, seriam destruídos de qualquer maneira.

O Instituto Nacional de Saúde criou uma comissão que estabelecerá as diretrizes sobre quais linhagens de células-tronco atendem a rígidos critérios éticos. Será obrigatório, por exemplo, que os embriões tenham sido descartados em clínicas de fertilização, e que os pais assinem detalhados formulários de autorização.

Collins disse que, após quase dez anos de debate sobre o assunto, a maioria da opinião pública apoia o uso de células-tronco embrionárias obtidas em clínicas de fertilização.