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Falta de verba força redução de operação de supercomputador usado em pesquisa do vírus da zika

Divulgação/LNCC
Imagem: Divulgação/LNCC

22/06/2016 20h14

O supercomputador Santos Dumont, inaugurado no Rio de Janeiro este ano e que seria utilizado em uma série de pesquisas que inclui o vírus da zika, teve de ser desligado em meio a cortes de recursos do LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica), afirmaram pesquisadores nesta quarta-feira (22).

"Os problemas financeiros provocaram o desligamento do Santos Dumont entre o mês passado e esse mês", disse à Reuters o chefe do Sinapad (Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho), Antônio Tadeu.

O Sistema Nacional de Alto Desempenho atua na parte operacional do Santos Dumont e em parceria com o LNCC.

O motivo para o corte na operação da máquina é a falta de recursos provocada pelo contingenciamento de verbas do LNCC. Como é capaz de rodar a uma velocidade de até 1 milhão de vezes mais rápida que a de um notebook convencional, o Santos Dumont, consome muita energia. Estima-se que o custo mensal de energia da máquina seja de aproximadamente R$ 500 mil.

Segundo o LNCC, a máquina, comprada da francesa Atos/Bull, tinha um orçamento de 60 milhões de reais este ano, incluindo o custo de aquisição e instalação. O equipamento tem capacidade de 1,1 petaflop e é o primeiro de sua escala no país.

Setenta e cinco projetos, de acordo com Tadeu, aguardam a retomada das operações normais do supercomputador para que estudos e pesquisas possam ser realizados. Entre os estudos em espera está o de mapeamento genético do vírus da zika.

"São projetos que foram aprovados para usarem a máquina, mas isso não está acontecendo pelas restrições. Parece um contra senso, em um momento como esse em que todos falam sobre o vírus da zika", afirmou Tadeu.

Mosquito 'Aedes aegypti' é o causador das três doenças que mais alarmam o Brasil atualmente: zika, dengue e chikungunya - Oscar Rivera/EFE - Oscar Rivera/EFE
Mosquito Aedes aegypti é transmissor de zika, dengue e chikungunya
Imagem: Oscar Rivera/EFE
Segundo ele, o Santos Dumont ajudaria no desenvolvimento de fármacos que possam diagnosticar com precisão a existência do vírus da zika e dengue e no desenvolvimento de uma vacina.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação confirmou que a operação do supercomputador está comprometida e que o LNCC sofreu um contingenciamento de cerca de 20 por cento de seus recursos para 2016, o que afetará as operações nos próximos meses. Porém, o ministério afirmou que a máquina está operando a 30% de sua capacidade e que não foi totalmente desligada.

Em nota, o ministério acrescentou que destinou orçamento de R$ 8,21 milhões ao LNCC, "cujo valor cobre os custos do instituto até os próximos meses e já negocia com a área econômica uma suplementação orçamentária de R$ 4,65 milhões, que já está em análise no Ministério do Planejamento".

"O ministério espera que o equipamento retorne ao seu funcionamento pleno para não prejudicar as pesquisas e projetos desenvolvidos por esse importante centro de pesquisas”, acrescentou a pasta.

Tadeu afirmou que o Santos Dumont está operando com carga mínima e que não está atendendo a usuários externos e grandes projetos. Segundo ele, a máquina está ativa, mas para manter componentes em funcionamento e não sofrer depreciação de sistemas eletrônicos e de refrigeração. "Ele não está atendendo à comunidade científica por problemas financeiros", afirmou.