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Novas mesas de trabalho monitoram movimentos e fazem usuário ficar de pé

Charge brinca com escrivaninha inteligente que manda o usuário ficar de pé depois de certo tempo trabalhando sentado - Peter Arkle via The New York Times
Charge brinca com escrivaninha inteligente que manda o usuário ficar de pé depois de certo tempo trabalhando sentado Imagem: Peter Arkle via The New York Times

Jennifer Jolly

06/06/2015 17h32

Talvez você queira se sentar para ler este texto. Ou ficar de pé. Melhor ainda, faça os dois.

Existe uma nova fornada de escrivaninhas inteligentes no mercado, que podem monitorar seus movimentos, contar suas calorias e até mesmo incentivar você a ficar de pé em intervalos regulares, ao longo do dia, sem interrupções ou perda de concentração.

Nos últimos três anos, testei cerca de uma dúzia dessas escrivaninhas, do modelo mais barato, estilo “faça você mesmo”, por menos de US$100, até uma mesa de luxo primorosamente concebida para oferecer uma experiência zen de sentar/ficar de pé por pouco mais de US$ 4 mil. Usei escrivaninhas com monitores inteligentes, modelos que se ajustam com o balançar da mão e mesmo escrivaninhas que incluem uma esteira para caminhadas (algo a que nunca consegui me acostumar, mas falo mais sobre isso depois).

A razão para comprar uma mesa inteligente é que você, como a maioria dos americanos, descobriu que está passando a vida sentado. Sentar por mais de três horas por dia pode diminuir dois anos de sua expectativa de vida – mesmo se você fizer exercícios regularmente.

Uma solução é se levantar e se mover várias vezes por dia e é aí que entra a escrivaninha de pé. Mas o ideal é ser esperto na hora de comprar. Cerca de 70 por cento das pessoas que adquirem uma escrivaninha que pode ser usada dos dois jeitos, sentada ou de pé, não a tira da posição sentada depois que a novidade acaba, tipicamente em algumas semanas, de acordo com uma pesquisa da indústria. Descobri que tinha muito mais chance de usar a posição de pé se a mesa automaticamente me obrigasse a isso. (Sem a necessidade de girar uma manivela).

A melhor experiência de uso, seja sentada ou de pé, foi de longe a mais cara. A Stir Kinetic Desk F1 (US$4,190) e a Stir M1 (US$2,990) são resultado do trabalho do antigo designer da Apple JP Labrosse, que fez parte do time original do iPod. As escrivaninhas deixam claro de onde ele vem. Há uma tela sensível ao toque de 5 polegadas embutida na superfície, conexão wi-fi e bluetooth e um sensor térmico na parte de baixo que acompanha sua atividade.

Quando testei a F1 por um dia, a tela mostrou cinco horas e meia de pé, três horas e meia sentada e 359 calorias queimadas. Ultrapassei meu objetivo de ficar de pé metade do tempo e estava no caminho de queimar o mesmo número de calorias em uma semana que queimaria se corresse uma maratona.

Dependendo de suas configurações, a área de trabalho pode subir cerca de uma polegada e então descer novamente algumas vezes por hora. Stir chama esse movimento de “respiração sussurrada”, um aviso que faz você mudar de posição sem quebrar a sua concentração.

A inglesa Table-Air (US$2.300) e a Autonomous Desk Smart Model (preço inicial de US$699), financiada pelo Kickstarter, também são de alta qualidade. Para ficar de pé na Table Air, aperte um botão e segure seu braço na altura que você quer – a mesa automaticamente sobe até a sua mão. A Autonomous Desk, que começará a ser vendida em julho, promete uma assistência pessoal ativada por voz, como a Siri, e conexão com outros equipamentos inteligentes, como o Nest e o Philips Hue, para ligar o aquecimento ou desligar as luzes.

Uma opção mais barata é a StandStand (US$69), uma estrutura de madeira portátil que transforma qualquer mesa em uma escrivaninha para ser usada de pé. A moldura de madeira se dobra para ficar do tamanho de uma maleta e pode ser rapidamente montada e colocada sobre a área de trabalho na altura de uma pessoa em pé. Um produto parecido, StorkStand (US$199), fica preso à cadeira. Os modelos portáteis são mais baratos, mas não se ajustam facilmente. E também são mais fáceis de ser ignorados.

Algumas empresas oferecem kits de conversão que transformam sua escrivaninha normal em uma mesa para ser usada de pé ou sentado. Uma estrutura montada na mesa como o iSkelter Lift (preço inicial de US$298), o modelo de mesa da Varidesk (preço inicial de US$275) ou da Ergotron (preço inicial US$250) ficam permanentemente sobre sua mesa e requerem ajuste manual quando você se senta ou se levanta.

A Lift tem um local para colocar a caneca, e os braços mecânicos da Ergotron seguram seus equipamentos enquanto você trabalha. Nelas, a função é mais importante do que o formato, e a necessidade de ajustar a altura da mesa manualmente pode ser um problema. No final, uma estrutura montada sobre a escrivaninha tradicional é melhor para quem não pode pagar por um modelo mais caro ou quem trabalha em um escritório em que é impossível trocar os móveis.

As mesas motorizadas para trabalhar sentado ou de pé não custam muito mais do que os modelos manuais. O barulho do motor e o peso podem variar de modelo para modelo, mas não tanto que influenciem na escolha. A Bekant Sit/Stand da Ikea (US$489) é uma escrivaninha motorizada sem frescuras com dois botões simples de ajuste. Quando olhei as partes separadas e o manual de instruções, tremi. Montei do jeito errado duas vezes, mas, assim que acertei, ela foi da posição sentada para a de pé em segundos.

Um pouco mais caras são a GeekDesk (preço inicial de US$749), a NextDesk (preço inicial de US$879) ou os modelos UpDesk Power Series 111 (preço inicial de US$949). Essas escrivaninhas eletrônicas têm uma variedade de funções, como a memória de controle da NextDesk para ajustes de altura e a lousa apagável da UpDesk UpWrite, uma das minhas favoritas. O maior problema dessas mesas de preços médios é que o usuário precisa segurar o botão para ir para cima ou para baixo, um inconveniente que cansa ao longo do tempo.

Por três meses, também testei a LifeSpam TR 1200-D17 (US$1.999), uma mesa com esteira de caminhada. Queria gostar dela, mas não gostei. A escrivaninha ocupou muito espaço no escritório de casa, e levei algum tempo para me acostumar a andar devagar o suficiente para conseguir me concentrar no trabalho. Senti um certo enjoo quando andava a mais de 5 quilômetros por hora e fiquei tonta quando saí da esteira, como se tivesse passado o dia em um barco.

Apesar de preferir os modelos que pude usar de pé ou sentada ao invés da esteira, também aprendi que uma pessoa que costuma ficar sentada não vai se transformar em uma que passa horas em pé de um dia para o outro. É um grande erro ficar muito tempo de pé quando você adquire a primeira escrivaninha que lhe permite fazer isso e, quem exagera, pode acabar como eu, jogada em uma cadeira no final do dia com os pés e as articulações doloridos e as costas tensas. Os especialistas recomendam que aqueles que estão começando nesse mundo passem apenas 20 minutos de pé a cada hora e, a partir daí, aumentem gradualmente o tempo.

No final das contas, escolher uma estação para trabalhar de pé não é diferente de comprar qualquer outro móvel grande, com questões de preço e tamanho a serem levadas em consideração. Mas você também deveria pensar que, como qualquer móvel, talvez fique com ele a vida toda – e que ela pode ser mais longa agora que você não vai mais passar o dia todo sentado.