Como três amigos passaram noites para descobrir se a água-viva dorme. E, sim, isso importa
Minhocas e peixes dormem. As aves e as abelhas também. Mas, será que a água-viva adormece?
Responder à pergunta exigiu uma investigação de vários passos de um trio de estudantes de graduação do Instituto de Tecnologia da Califórnia. A resposta, publicada em 21 de setembro na revista científica "Current Biology", é que pelo menos o grupo de medusa chamado Cassiopeia tira uma soneca.
A descoberta é o primeiro exemplo documentado do sono em um animal com uma rede nervosa difusa, um sistema de neurônios espalhados por todo o organismo e não organizado em torno de um cérebro. Ele desafia a noção comum de que o sono requer a existência de um cérebro.
Também sugere que o sono poderia ser um comportamento antigo porque o grupo que inclui a água-viva é um ramo do último antepassado comum da maioria dos animais vivos no início da evolução.
Para provar que as águas-vivas dormem, os alunos tiveram que demonstrar que elas cumprem três critérios comportamentais. Primeiro, os animais devem passar por um período de atividade diminuída, mas também devem poder ser despertados desse estado, para distinguir o sono de outros estados, como a coma. Durante seis dias e noites, os pesquisadores monitoraram 23 águas-vivas, que pulsaram cerca de 30% menos durante a noite do que durante o dia. Se alimentadas ou cutucadas no meio da noite, as águas-vivas se agitaram temporariamente.
Em seguida, os animais devem exibir diminuição da capacidade de resposta aos estímulos durante o sono. As águas-vivas cassiopeia não gostam de ser suspensas na água. Para testar sua capacidade de resposta, os cientistas colocaram a água-viva em pequenos cubos com fundos removíveis que estavam elevados dentro do tanque. Quando os pesquisadores tiraram os fundos do cubículo durante o dia, as criaturas nadavam imediatamente até o fundo do tanque. À noite, no entanto, flutuavam lentamente no início.
Por último, os animais devem mostrar uma maior necessidade de dormir se são privados de sono, então os biólogos pulsaram a água através do tanque de águas-vivas a cada 20 minutos à noite para evitar que as criaturas dormissem continuamente. No dia e na noite seguinte, elas apresentaram níveis muito mais baixos de atividade do que o normal, sugerindo privação de sono.
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