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Alberto Bombig

REPORTAGEM

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Com Kalil arredio ao PT, Lula pode ficar sem palanque forte em Minas

O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) - Reprodução
O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

04/05/2022 10h03Atualizada em 04/05/2022 10h03

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Decisivo em favor do PT em eleições presidenciais anteriores, o estado de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, começa a se transformar em problema para a pré-campanha de Lula. O acordo sonhado por petistas com Alexandre Kalil (PSD) está emperrado, e o ex-presidente corre risco de ficar sem um palanque forte em terras mineiras.

Quem conhece por dentro a política em Minas resume mais ou menos assim o cenário: Kalil e Lula querem o casamento eleitoral, mas o prefeito não topa pegar na mão da noiva para colocar a aliança. O ex-prefeito de Belo Horizonte mantém suas ressalvas (e críticas públicas) a duas figuras importantes do PT em Minas Gerais, a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-governador Fernando Pimentel.

Há ainda a percepção entre os petistas de que Kalil não conseguiu abandonar de vez o discurso antipolítica que o elegeu em 2016 e 2020 e continua correndo na mesma raia que Romeu Zema (Novo), o atual governador. Em linhas gerais, os dois principais postulantes ao Palácio da Liberdade ainda viram as costas, ao menos publicamente, para os chamados "políticos profissionais" e reforçam o discurso "lavajatista".

Mas a questão para Kalil é que ele precisa do PT eleitoralmente , seja para engordar seu tempo de TV na propaganda oficial, seja para conquistar votos no interior de Minas, onde ainda é menos conhecido do que o atual governador. Para o ex-prefeito de Belo Horizonte, importar o "know-how" das campanhas vitoriosas do PT no estado seria muito importante, porém, segundo apurou a coluna, isso só será plenamente possível se a aliança com Lula for mesmo selada, ou seja, se não ficar apenas no campo "informal".

"Nossa conversa está num ponto que nós temos uma chapa e temos uma vaga para presidente da República. Ninguém aqui vai discutir o que o presidente Lula representou para esse país. Ah, houve o desastre Dilma e o desastre Pimentel. Passou", disse Kalil em entrevista recente à TV Alterosa. Em março, o ex-prefeito reagiu, nas redes sociais, à ligação com o PT: "Não tenho nenhuma ligação com o PT. Não adianta querer me colocar uma estrela no peito. Na minha primeira eleição, falei: 'querem colocar uma estrela no meu peito'".

Outro entrave para a composição é a vaga do candidato ao Senado em uma eventual chapa PT-PSD: Kalil trabalha por Alexandre da Silveira, de seu partido, e o PT gostaria de ter Reginaldo Lopes na vaga. Por isso, Rodrigo Pacheco, também do PSD, tem se movimentado para a sigla apoiar Ciro Gomes (PDT) em Minas. Gilberto Kassab, presidencial nacional do PSD, sinalizou no sentido de que deve liberar seus filiados nos estados.

Lula estará em Belo Horizonte no próximo dia 9, acompanhado de seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), justamente para o lançamento da pré-candidatura de Reginaldo Lopes. Há expectativa de que o ex-presidente da República se reúna com Kalil para conversar sobre a possível aliança.

Em 2014, na disputa pelo Planalto, Dilma Rousseff venceu Aécio Neves (PSDB-MG) em Minas Gerais, mesmo após o tucano ter governado o estado por dois mandatos consecutivos. Esse resultado, alavancado em muito pelos votos do interior, foi considerado fundamental no resultado final da eleição, que reconduziu a petista à Presidência. Ele perdeu o cargo em 2016, após um processo de impeachment. Naquele mesmo 2014, Fernando Pimentel (PT) foi eleito governador de Minas Gerais.