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Amaury Ribeiro Jr

Advogado ataca Ferrer em áudio e diz que "respondeu a agressividade" dela

A advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho (foto) defende o empresário André de Camargo Aranha, acusado de ter estuprado Mariana Ferrer durante festa em Florianópolis, em 2018 - Reprodução
A advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho (foto) defende o empresário André de Camargo Aranha, acusado de ter estuprado Mariana Ferrer durante festa em Florianópolis, em 2018 Imagem: Reprodução

06/11/2020 18h50Atualizada em 06/11/2020 21h49

O advogado Claudio Gastão da Rosa, em um áudio enviado a professores de direito da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), em Santa Catarina, voltou a atacar a influenciadora digital Mariana Ferrer, 23, que acusa o cliente dele, o empresário André de Camargo Aranha, de tê-la estuprado em uma boate de Florianópolis em 2018.

No áudio obtido pelo UOL, o advogado compara as denúncias contra seu cliente ao caso do jogador Neymar. O atacante do Paris Saint Germain e da seleção brasileira foi inocentado da denúncia de que teria estuprado a modelo Najila Trindade. Na época, a denúncia foi feita pela própria modelo. "Está aí o caso Neymar e tantos outros que despertam reflexão", diz o advogado.

Rosa acusa Ferrer de ter inventado a denúncia contra o empresário para se promover e ganhar dinheiro na internet. "Ela fez dessa narrativa a história da vida dela. Era uma menina desconhecida. Sua mãe saiu daqui por não pagar aluguel, saiu expulsa. E de repente, ela passa a ganhar dinheiro e fama no Instagram".

Procurado pelo UOL, o advogado de Mariana. Julio Cesar Ferreira Fonseca; não quis comentar sobre o áudio. Ele disse que já recorreu da sentença e que sua cliente está sofrendo de síndrome de pânico.

O advogado passou a ser criticado nas redes sociais ao aparecer num vídeo de instrução do processo contra seu cliente hostilizando a influenciadora. Rosa mostra fotos sensuais de Ferrer, que ele considera "ginecológicas", e diz que jamais teria uma filha do nível dela. O advogado também reprime o choro de Ferrer. Segundo ele, o choro é falso e se parece com lágrimas de crocodilo.

O áudio provocou a indignação dos movimentos feministas. "Ele [Rosa] proíbe a Mariana de falar e aparece num áudio divulgando fatos de um processo que ocorre em segredo de Justiça. Ele é muito cínico quando diz que começa o depoimento cumprimentando a Mariana ", afirmou Maria do Carmo Santos, presidente do Grupo Vítimas Unidas, que atuou nas denúncias contra João de Deus.

"Ela envolveu minha família", diz advogado

No áudio encaminhado aos professores da Univali, Rosa explica o seu comportamento. "Chegou numa situação que ela envolveu minha família. Se quisesse me atacar no processo tudo bem, mas envolveu minhas filhas. Respondi dentro daquele contexto uma agressividade que começou por parte dela",

Ele nega também que seu cliente tenha sido absolvido pelo fato de o juiz ter acatado a tese da promotoria de que o empresário teria praticado estupro culposo.

"O que criou a comoção, atiçou a matilha da opinião publica contra meu cliente e contra minha pessoa foi uma reportagem mentirosa que afirmou uma coisa que nunca foi dita pelo nem pelo juiz e nem pelo promotor: que a condenação foi por causa do estupro culposo. Depois pegaram um trecho de um depoimento mais de 3 horas. Disseram que fui agressivo. Manipularam minha indagação. Somado com a história do estupro culposo deu no que deu"

"Ninguém perde a virgindade em seis minutos"

Rosa dá também sua versão sobre a conversa de drogas detectada no telefone de seu cliente. "O processo do André foi desde o início muito difícil. Ele teve a prisão decretada por causa da história que ele teria um cardápio de drogas no seu celular. Depois a perícia constatou o que houve no grupo de de WhatsApp foi uma mensagem com citação de drogas".

O advogado acusa, em vários trechos do áudio, Ferrer de contar histórias mentirosas e de distorcer fatos do processos.

"Ela fica seis minutos lá em cima (no local onde teria escondido o estupro) e ninguém perde a virgindade em seis minutos. A perícia não constatou nenhum sinal de violência sexual", diz.

O advogado se esquece, no entanto, de mencionar que o laudo da perícia constatou que era do seu cliente o esperma coletado nas partes íntimas da vítima. Rosa disse ter se tornando amigo de André e dos pais dele. Para o advogado seria uma injustiça seu cliente ir para cadeia por um crime que não praticou. "Todo mundo sabe qual é a punição de quem pratica estupro no sistema penitenciário."

Errata: este conteúdo foi atualizado
A Univali é a Universidade do Vale do Itajaí. A informação foi corrigida