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Dois Brasis: Felipe Neto entra no top 100 da "Time", ao lado de Bolsonaro

Felipe Neto: "Quando eu acho que cabe um comentário político em um vídeo, eu faço, mas isso não é o comum", diz o influenciador - Divulgação
Felipe Neto: "Quando eu acho que cabe um comentário político em um vídeo, eu faço, mas isso não é o comum", diz o influenciador Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

23/09/2020 19h37

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O youtuber Felipe Neto, de 32 anos, que eu vi pela primeira vez este ano no programa Roda Viva, da TV Cultura, levou um susto e conta que ficou anestesiado quando recebeu a notícia: seu nome estava entre as 100 pessoas mais influentes do mundo em 2020 na lista da "Time", divulgada nesta terça-feira.

"Nunca imaginei que chegaria tão longe. Quando comecei a gravar vídeos, dez anos atrás, nos fundos da casa da minha mãe, no Engenho Novo, eu só queria me divertir", lembra o líder absoluto das redes sociais brasileiras, com mais de 60 milhões de seguidores nas diferentes plataformas.

Antes de Felipe, só 10 brasileiros haviam sido incluídos entre os top 100 nesta lista de notáveis, criada em 2004 pela revista americana. Este ano, o outro brasileiro é o presidente Jair Bolsonaro, que foi indicado pela segunda vez consecutiva na categoria "Líderes".

"O fato de Bolsonaro também estar na lista não surpreende, muito pelo contrário. Como o pior presidente do mundo no enfrentamento à covid-19 e no combate às queimadas na Amazônia e no Pantanal, ele está na lista como uma honra negativa. Basta ler o texto associado à sua imagem para entender", disse Felipe ao Estadão.

Para ele, isso só demonstra a importância do que significa ser influenciador.

"Ser mais influente não significa, necessariamente, uma coisa boa. É o que você faz com essa influência que realmente irá determinar o seu legado. Continuarei usando essa influência para valores positivos, na luta pelos direitos humanos, pela democracia e no enfrentamento à desinformação e ao fascismo. Eu só tenho a agradecer a cada um que me acompanhou e acompanha ao longo dessa história e dizer que isso é apenas o começo".

No texto da revista, Bolsonaro é descrito como cético a respeito da pandemia do coronavírus e indiferente ao desmatamento da Amazonia. E lembra que, apesar disso, em agosto, ele tinha 37% de aprovação nas pesquisas, não só pelo pagamento do auxílio emergencial, mas também graças a um fervoroso grupo de apoiadores, definido como "quase um culto".

Em seus vídeos, Felipe tem discutido assuntos como política, lei de combate às fake news, direitos humanos, LGBTQ e racismo.

Durante todo o ano de 2020, houve uma verdadeira guerra nas redes sociais entre os apoiadores dos representantes destes dois Brasis tão antagônicos (Bolsonaro tem cerca de 40 milhões de seguidores), o que fez Felipe ficar ainda mais feliz com a notícia.

"Estar nesta lista é uma honra inenarrável. Não apenas pela conquista, mas também pela razão de estar ali. Foi um ano muito difícil, repleto de ameaças, perseguições e tentativas de destruição de reputação. Nós prevalecemos porque somos unidos, porque somos fortes e porque os fascistas não irão vencer", comemora o youtuber, que enfrentou uma campanha de difamação, até com falsas acusações de pedofilia, por ter feito duras críticas ao presidente em vídeo publicado no "New York Times".

Indicado na categoria "Ícones", ao lado de nomes como Opal Tometi, Alicia Garza e Patice Cullors, as três fundadoras do movimento Black Lives Matter, e a professora americana Angela Davis, Felipe Neto ocupa um espaço livre nas redes sociais que as lideranças políticas, com exceção de Bolsonaro, ainda não aprenderam a usar.

Vida que segue.