#UOLEleições2020: Márcio França vence debate por pontos
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Quem ganhou? Esta é sempre a primeira pergunta de quem não assistiu ao debate.
Não houve nocaute, mas como acho que sempre há um vencedor, se alguém saiu ganhando no debate Folha/UOL entre os principais candidatos em São Paulo, não tenho dúvidas em apontar o ex-governador Márcio França, candidato do PSB.
Político matreiro, estilo bonachão, com mais de 40 anos de janela nas disputas políticas, França foi quem melhor soube administrar o banco de tempo, não entrou em bolas divididas e fez média com todo mundo. Se fosse uma luta de boxe, ganharia por pontos. Por sua postura conciliadora, deve ter assistido aos discursos de Joe Biden, com quem chegou a se comparar.
Numa disputa acirrada, em que as pesquisas mostram Bruno Covas (PSDB) bem à frente dos outros três candidatos, embolados no segundo lugar, ele aproveitou a polarização entre o prefeito tucano e Guilherme Boulos, candidato do PSOL, para fazer uma joint-venture com Celso Russomanno, do Republicanos, e usou todo o tempo para vender seu peixe de experiente administrador.
Boulos escolheu antagonista errado
Ao contrário da firmeza que mostrou em outros debates, desta vez Boulos caiu nas provocações de Russomanno, que o acusou, sem apresentar provas, de usar dinheiro do fundo eleitoral para contratar uma empresa fantasma em sua campanha.
Boulos não respondeu e gastou boa parte do seu saldo de tempo rebatendo os números da atual administração apresentados por Covas.
Escolheu o antagonista errado porque não é com ele que disputa uma vaga no segundo turno.
Covas prestou contas
Como se fosse um gravador, num tom monocórdico, o prefeito se limitou a prestar contas do seu mandato, como faz no programa eleitoral, e atacou o líder do movimento por moradia pela sua falta de experiência.
"Desculpa, mas a diferença entre vender sonho e vender ilusão é exatamente conhecimento e responsabilidade fiscal. Falar bonito, falar fácil, é muito lindo de se ouvir. Só que precisa conhecer os números da cidade de São Paulo", argumentou Covas.
No contra-ataque, Boulos fez lembrar as antigas disputas entre o PT, que não estava no debate, e o PSDB.
"De fato, a experiência que você tem, governando com o PSDB, que deixou um legado de um governo elitista, com escândalos, essa eu quero longe de mim. A respeito de capacidade de gestão, ninguém governa sozinho. Precisa ter equipe. E tenho sensibilidade social".
França praticou a boa vizinhança
Enquanto Russomanno parecia um franco-atirador, derretendo nas pesquisas como nas suas campanhas anteriores, Márcio França se concentrou em apresentar propostas de governo para combater o desemprego com frentes de trabalho, adiar a cobrança de IPTU e oferecer crédito a pequenos comerciantes atingidos pela pandemia, o arroz com feijão das promessas de campanha.
Quando a moderadora Thaís Oyama, do UOL, que apresentou o debate junto com Luciana Coelho, da Folha, o desafiou a apontar as qualidades dos padrinhos eleitorais Lula, Doria e Bolsonaro, ele procurou agradar a todos:
"Lula é líder, Bolsonaro é autêntico e Doria, aguerrido".
No final, ainda fez média com os eleitores dos outros candidatos que não participaram do debate, como se estivesse sentindo a falta deles.
Façam suas apostas para domingo
A quatro dias das eleições, faltando só o debate da TV Cultura com todos os candidatos, é impossível cravar quem vai com Covas para o segundo turno.
Com mais de 50 anos em cobertura de eleições, meu palpite é que a disputa se dará entre Guilherme Boulos e Márcio França, cabeça a cabeça.
França, um radical de centro, poderá ficar com os votos úteis da direita anti-Bolsonaro e anti-Doria, e Boulos, com os da esquerda petista, cujo candidato, Jilmar Tatto, não decolou até agora.
Façam suas apostas.
Vida que segue.
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