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Carolina Brígido

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Por que Bolsonaro desistiu de pedir o impeachment de Barroso

Colunista do UOL

25/08/2021 10h59Atualizada em 25/08/2021 15h42

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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passou os últimos meses no encalço do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso. Chamou de imbecil, idiota, filho da puta e, por último, ameaçou com pedido de impeachment. Agora, deu um passo atrás. Aconselhado por integrantes do governo e assessores próximos, Bolsonaro desistiu de entrar com o processo de impedimento de Barroso no Senado e mandou um emissário dar a notícia ao ministro.

A atitude não significa necessariamente hastear uma bandeira branca entre o Palácio do Planalto e o Judiciário. Bolsonaro seguirá em guerra. No entanto, centrará fogo no ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Agora que o voto impresso foi barrado pelo Congresso Nacional, perdeu força a implicância que o presidente alimentava contra Barroso. Virou uma batalha sem sentido.

Moraes, por sua vez, virou uma espécie de senhor do destino de Bolsonaro. Existem no STF várias frentes investigativas contra Bolsonaro - boa parte delas comandadas pelo ministro. É o caso da investigação que apura se o presidente vazou inquérito sigiloso da PF (Polícia Federal). E, ainda, o inquérito das fake news, que apura ataques aos ministros do STF. Nesse processo foi incluída a live que Bolsonaro protagonizou para demonizar o sistema eleitoral brasileiro.

Moraes também comanda o inquérito que apura a atuação de milícias digitais que atentam contra a democracia. Entre os alvos, estão aliados de Bolsonaro. Por fim, o ministro determinou dia desses o prosseguimento do inquérito em que o presidente é suspeito de interferir indevidamente nas atividades da PF. Em setembro, o plenário do Supremo vai decidir se Bolsonaro prestará depoimento à própria PF para instruir as investigações.

A cúpula do Judiciário mantém um sistema de monitoramento das redes sociais. Nos últimos dias, a constatação é de que os ataques ao TSE praticamente desapareceram. O foco agora das redes bolsonaristas é o STF e o Senado - que é palco da CPI da Covid, onde a oposição não poupa crítica ao presidente. O Senado também está em voga porque terá um desafio político importante pela frente: sabatinar o ex-advogado-geral da União André Mendonça, indicado por Bolsonaro a uma vaga no STF.

O Supremo está preocupado com a segurança do prédio e dos ministros, especialmente com a proximidade da manifestação governista agendada em Brasília para 7 de setembro. O Congresso Nacional também deve reforçar seu esquema de segurança para o evento. Em contrapartida, o TSE, que aparentemente saiu da mira da militância bolsonarista, ainda não planejou um esquema especial de segurança para a data.