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Chico Alves

Em 24h, Malafaia vai da neutralidade à rejeição ao nome de Kássio Nunes

Silas Malafaia - Reprodução de vídeo
Silas Malafaia Imagem: Reprodução de vídeo

Colunista do UOL

01/10/2020 20h23

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Quem conversou na noite de ontem com o pastor Silas Malafaia sobre a indicação do desembargador Kássio Nunes ao Supremo Tribunal Federal se surpreendeu com a serenidade do religioso. Afinal, Jair Bolsonaro não tinha escolhido o nome "terrivelmente evangélico" para a vaga de Celso de Mello, como prometera.

Malafaia explicou que o próprio presidente avisou 15 dias antes que o indicado evangélico vai suceder Marco Aurélio Mello, que se aposenta no ano que vem. Sobre Kássio Nunes, o pastor tinha pouco a dizer: "Não posso fazer juízo de valor, porque não o conheço".

Menos de 24h depois, a postura de Malafaia sobre Nunes mudou radicalmente. Primeiro soltou um tuíte reclamando que o escolhido de Bolsonaro não é direitista. Há pouco, postou um vídeo com críticas mais duras.

"Um absurdo vergonhoso a primeira indicação do presidente Bolsonaro para ministro do STF", diz ele. "Como é que o sr. vai indicar um cara para o STF nomeado pro Dilma, amigo da petralhada, com posições socialistas, que segundo estou recebendo aqui tem mais de 30 representações contra ele no CNJ?".

Exaltado, como de costume, Malafaia continua: "Presidente, isso é uma vergonha! Teria que ser como Donald Trump. Não precisa ser evangélico, mas um terrivelmente da direita (sic). É uma decepção geral"

O pastor diz que, com essa escolha, Bolsonaro atende ao Centrão, ao PT, à esquerda, ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), aos corruptos e a quem é contra a Lava Jato.

O que fez Malafaia ir da neutralidade à rejeição do nome indicado pelo presidente? "Ontem eu não conhecia nada sobre ele. Depois que comecei a ver as informações de quem é o cara, de onde ele vem, de quem indicou, fiz meu juízo de valor", explicou ele à coluna. "Sou aliado de Bolsonaro, mas não sou alienado".

Na prática, Malafaia vocaliza o desagrado de um importante grupo de apoio do presidente, o dos evangélicos, que se soma aos bolsonaristas das redes sociais na rejeição ao nome de Kássio Nunes.

Foi o crescimento do movimento de críticos do escolhido por Bolsonaro para o STF que levou pessoas próximas ao presidente a aconselhá-lo a oficializar imediatamente o nome de Nunes para a vaga de Celso de Mello. Temiam que o desgaste levasse o presidente a voltar atrás.