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Chico Alves

Primeiro debate televisivo no Rio não passou de um aquecimento

Debate Band Rio  - Divulgação: Paulo Belote / Band
Debate Band Rio Imagem: Divulgação: Paulo Belote / Band

Colunista do UOL

02/10/2020 01h23

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Começou morna a temporada de debates entre os candidatos a prefeito do Rio. Os onze postulantes não conseguiram dar aos telespectadores da Band esclarecimentos mais detalhados sobre seus planos de governo e também foram poucos os embates acalorados ou as tiradas espirituosas. Por isso, o programa não deverá causar mudanças significativas nas próximas pesquisas de intenção de voto.

Por outro lado, quem esperava que a campanha carioca fosse, como deve ocorrer em outras capitais, uma prévia do que vai acontecer na votação para presidente, em 2022, também se frustrou. O nome do presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, foi citado pouquíssimas vezes.

Os melhores colocados nos levantamentos pré-eleitorais, Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos), lançaram mão de estilos diferentes.

Atacado pela gestão à frente da Prefeitura até 2016, Paes, que tem 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado nas pesquisas, manteve a serenidade em quase todas as respostas. Mesmo quando foi chamado de "cria do Cabral".

Crivella, atual prefeito, fez uma defesa delirante de sua administração. Perguntado sobre as deficiências no combate à pandemia de coronavírus, disse que a área de Saúde da cidade nunca esteve tão boa e garantiu que o Rio é o "único lugar do mundo" que tem ressonância magnética nos hospitais públicos.

Teve que ouvir, em resposta, que a cidade registra taxa de mortalidade por coronavírus equivalente ao dobro da verificada em São Paulo.

Foi Crivella o único a recorrer a fake news, ao dizer que em caso de vitória da candidata Renata Souza (PSOL) ela iria implantar kit gay nas escolas e liberar as drogas. Nem mesmo foi criativo nas invencionices.

Ao responder às cobranças pela criação do grupo de "Guardiões", cuja tarefa era intimidar a imprensa, Crivella disse que Luiz Lima (PSL) estava fazendo parceria com a Rede Globo para desqualificá-lo e sugeriu que ele gritasse "Globolixo".O prefeito está inelegível por decisão do Tribunal Regional Eleitoral e pode continuar a campanha enquanto não houver julgamento de seu recurso.

Tecnicamente empatadas em terceiro lugar, Martha Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT) tiveram desempenho seguro, porém discreto. Entre os demais, Renata Souza e Clarissa Garotinho (PROS) mostraram desenvoltura.

O programa serviu de aquecimento eleitoral. Mas espera-se que nos próximos debates a temperatura suba bem mais.