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Chico Alves

REPORTAGEM

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Randolfe: Vetar PL de compra de vacina será autossabotagem de Bolsonaro

Senador Randolfe Rodrigues em entrevista ao UOL - Diego Bresani/UOL
Senador Randolfe Rodrigues em entrevista ao UOL Imagem: Diego Bresani/UOL

Colunista do UOL

25/02/2021 04h00

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Logo depois de aprovar no Senado o Projeto de Lei que permite a utilização de vacinas contra a covid-19 da Pfizer, Janssen e outros laboratórios, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi surpreendido ontem à noite por um comentário do presidente Jair Bolsonaro que levantou a possibilidade de vetar o texto.

"Se confirmada a intenção de veto do presidente vou chamar isso de autossabotagem à vida dos brasileiros, já que temos mil e tantas mortes por dia, e autossabotagem ao próprio governo", criticou Randolfe à coluna.

No Acre, ao comentar o projeto que permite ao governo assumir responsabilidade civil em caso de ações judiciais por efeitos adversos dos imunizantes, o presidente cogitou vetar.

"É uma coisa de extrema responsabilidade [a] quem vai, porventura, no Brasil tiver que dar a palavra final. Se sou eu como presidente, se é o Parlamento derrubando possível veto ou se é o Supremo Tribunal Federal (STF)", disse Bolsonaro.

"Vai ser mais um absurdo para mim", comenta Randolfe, sobre a fala do presidente. "Por causa desse projeto ficamos eu, o presidente (do Senado) Rodrigo Pacheco (DEM-MG), os técnicos da AGU, os técnicos do Ministério da Saúde e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), a mando do presidente, estivemos conversando até o início da madrugada da terça-feira".

O senador disse que o próprio ministro da Saúde agradeceu a ele e a Rodrigo Pacheco pela aprovação da lei que dá segurança jurídica ao governo.

A lei aprovada no Senado permite ao governo assumir a responsabilidade civil caso alguém entre na Justiça reclamando de efeito adverso da vacina. Esse é o principal empecilho para o Ministério da Saúde adquirir imunizantes de fabricantes como a Pfizer, por exemplo.

"Saímos da aprovação do projeto com clima de unidade, foi aprovado por unanimidade, todos sabem da urgência desse dispositivo", destaca o parlamentar amapaense. "Esse é o tipo de projeto que, aprovado no Senado hoje, depois na Câmara, na sexta-feira o presidente deveria sancionar, o lógico seria isso".

Randolfe diz que a lei foi criada para ajudar o Brasil a sair da pandemia, e também para ajudar o governo e o próprio presidente. "Ele tem que nos dar o direito de ajudá-lo", ironiza. "Quero acreditar que houve algum tipo de equívoco e que o presidente vai sancionar a matéria".