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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Lula candidato vai no calcanhar de Bolsonaro: pandemia e economia

10.mar.2021 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante coletiva de imprensa realizada na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista - Vinícius Nunes/Agência F8/Estadão Conteúdo
10.mar.2021 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante coletiva de imprensa realizada na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista Imagem: Vinícius Nunes/Agência F8/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

10/03/2021 13h38

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Depois de uma série de lives das quais participou com gestos contidos e voz baixa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva parecia resignado a pendurar as chuteiras da política e abrir espaço para Fernando Haddad concorrer à Presidência em 2022 pelo PT. Bastou, no entanto, que fosse anunciada a anulação das condenações que teve na Lava Jato para que o antigo Lula, craque em comunicação e empolgado, voltasse à tona.

Foi o que se viu no pronunciamento do ex-presidente hoje.

Entre as esperadas pancadas na força-tarefa da Lava Jato e no ex-juiz Sergio Moro, responsáveis pelo processo e pela condenação que agora o Supremo Tribunal Federal anula, e as bordoadas na mídia, o petista sinalizou os temas em que vai basear sua provável investida eleitoral.

O primeiro mote foi a trágica administração do governo federal no combate à pandemia. Falta de vacina, omissão na crise do oxigênio em Manaus, retenção dos recursos para atendimento das vítimas da covid-19, mau exemplo do negacionista Jair Bolsonaro, tudo foi citado.

"Quero ser vacinado", destacou.

O segundo assunto foi a crise econômica que o país atravessa, sem qualquer sinalização de planejamento por parte do governo federal. Os altos preços de combustíveis e alimentos e o elevado índice de desemprego foram os refrões usados para os eleitores mais pobres.

"Não tem nada pior do que o cidadão saber que está desempregado e que no final do mês não vai ter um salário para sustentar sua família", lamentou.

Para os empresários, falou da necessidade de investimentos na indústria e lembrou dos tempos de prosperidade durante seus governos. Citou a receita que deu certo:

"É preciso garantir que o povo tenha renda, senão não há crescimento", defendeu, demarcando sua posição a favor da ciência, renegada pelo atual presidente.

Tratou o seu provável oponente em 2022 como um desvairado. Chamou Bolsonaro de fanfarrão, disse que o país não tem governo e deu outras caneladas.

Ao fim da fala de quase uma hora e meia, Lula deixou claro que a anulação das condenações operou em si uma espécie de rejuvenescimento. Aquele político meia bomba de uma semana atrás voltou a se mostrar o encantador de eleitores que foi até há alguns anos.

"Me sinto jovem para brigar muito, então eu queria que vocês soubessem: desistir jamais".

A partir de hoje, a esperada confrontação eleitoral entre Lula e Bolsonaro está finalmente estabelecida.