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Chico Alves

REPORTAGEM

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Randolfe quer saber se comitiva da saúde em Israel negociou aparelho espião

Senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI da Covid - Adriano Machado/Reuters
Senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI da Covid Imagem: Adriano Machado/Reuters

Colunista do UOL

19/05/2021 11h05

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A estranha licitação que o Ministério da Justiça pretende fazer hoje para compra de aparelho espião de alta tecnologia no valor de R$ 25,4 milhões levantou a curiosidade do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para um tema abordado na CPI da Covid. O parlamentar, que é vice-presidente da comissão, vai requisitar os documentos relativos à viagem feita por uma comitiva do governo a Israel para supostamente avaliar spray nasal que seria usado contra o coronavírus. "Um dos motivos para o pedido é verificar se essa viagem tem alguma ligação com a compra de equipamentos de espionagem", observou Randolfe à coluna.

Como o UOL publicou, o edital deverá contemplar o programa de espionagem Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO Group. Curiosamente, o recurso não seria destinado ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional) ou à Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Isso se deveria à ingerência de Carlos Bolsonaro no processo.

A utilização desse sistema gerou denúncias de espionagem de celulares e computadores de críticos dos governos de vários países. Isso poderia ser feito, na prática, mesmo sem autorização judicial

Um dos motivos para a suspeita do senador é que na comitiva de dez pessoas que foi a Israel somente dois integrantes eram técnicos da área da saúde. Os demais - o chanceler Ernesto Araújo, dois diplomatas, o assessor internacional Filipe Martins, os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Hélio Lopes (PSL-RJ), um segurança e o secretário de Comunicação - não tinham conhecimento na área.

Outro fator estranho é que participou da comitiva o sargento PM Max Guilherme Machado de Moura, que hoje trabalha como assessor especial da presidência. Durante o depoimento à CPI da Covid, Ernesto Araújo foi perguntado várias vezes por Randolfe sobre qual o motivo da participação de Max na comitiva, já que ele não tem qualquer especialização na área de saúde. Araújo não soube responder.

Além de checar se há relação da comitiva com a negociação do aparelho espião, o senador informou que enviará petição à ministra Càrmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, para que o Ministério Público Federal apure as denúncias. Randolfe disse que também dará entrada com Ação Popular, pedindo a apuração das denúncias e a suspensão do edital, além de representação no Tribunal de Contas da União, pedindo a apuração das denúncias e a suspensão do edital.