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Chico Alves

OPINIÃO

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Bolsonaro forma o trio de ataque da campanha: Jefferson, Collor e Cunha

Bolsonaro, Jefferson, Collor e Cunha - Reprodução
Bolsonaro, Jefferson, Collor e Cunha Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

25/05/2021 04h00

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Já está escalado o trio de ataque do time de Jair Bolsonaro para a campanha à reeleição. A equipe que já tinha Roberto Jefferson e Fernando Collor ganhou agora um reforço de peso: Eduardo Cunha. A julgar pelas entrevistas do ex-presidente da Câmara, que recentemente voltou à liberdade depois de quatro anos de prisão, ele realmente vestiu a camisa.

Nesses bate-bolas com a imprensa, Cunha garantiu que ninguém quer o impeachment de Bolsonaro - nem a própria oposição —, avaliou o atual presidente como melhor que Dilma Rousseff, negou que tenha havido atraso na compra de vacinas por parte do governo e declarou voto.

Ou seja, continua adepto do estilo de jogo "dá ni mim que eu resolvo".

Jefferson, Collor e Cunha não chegam a ter a mesma sintonia do lendário trio MSN - Messi, Suarez e Neymar -, que brilhou no Barcelona entre 2014 e 2017, mas eles têm importantes características em comum. A principal é que todos, em algum momento, foram vistos pelo Ministério Público e por parte dos brasileiros como ícones da corrupção nacional.

Esse ponto de conexão nos currículos não combina com a bandeira da moralidade, desfraldada por Bolsonaro na campanha eleitoral. Aparentemente, diante das dificuldades, o técnico decidiu mudar de tática.

O primeiro a se bandear para o bolsonarismo foi Roberto Jefferson, o ex-deputado petebista que em 2005 denunciou a "compra" de deputados por parte do governo do PT. O próprio Jefferson foi cassado por envolvimento no esquema.

Ultimamente, divide seu tempo entre performances de arma em punho nas redes sociais em que cospe críticas às medidas restritivas para amenizar a pandemia e o cortejo a Bolsonaro para que concorra à reeleição pela sua legenda, o PTB.

Já o senador Fernando Collor (PROS-AL) atua como conselheiro informal do governo. Conhece o céu e o inferno da política. Depois de se eleger presidente da República anunciando que combateria privilégios e mordomias, sofreu impeachment em 1992 por acusação de envolvimento no esquema sujo capitaneado por Paulo César Farias, tesoureiro em sua campanha.

Para completar, o centroavante Eduardo Cunha se junta ao plantel. No fim de abril e no início de maio ele teve duas penas de prisão revogadas. Uma por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas na negociação da exploração de petróleo pela Petrobras no Benin. Outra por suposta participação em esquema de pagamento de propina para liberação de recursos do Fundo de Garantia.

Quem vê a escalação do time de Bolsonaro — que já deu o pontapé inicial na campanha mesmo antes de o juiz apitar —, terá razão caso se sinta decepcionado com o presidente. A história de abolir o "toma lá, dá cá" na política, que repetiu tantas vezes, ficou para trás.

A verdade é que, desde que o presidente acertou com os zagueiros do centrão para cuidar de sua defesa no Congresso, parte do eleitorado descobriu a verdade. Nos tempos de candidato, ao bradar contra a corrupção, Bolsonaro nada mais fez que jogar para a torcida.