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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Briga de Jefferson e filha no PTB por Bolsonaro deve ser em vão

Roberto Jefferson e Cristiane Brasil - Reprodução PTB
Roberto Jefferson e Cristiane Brasil Imagem: Reprodução PTB

Colunista do UOL

08/10/2021 04h00

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A encarniçada briga familiar que se desenrola dentro do PTB chegou ao ponto mais grave. Roberto Jefferson, o presidente do partido, que está preso por causa das ameaças feitas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), deu carta branca para Graciela Nienov, que o substituiu, para expulsar da legenda sua própria filha, Cristhiane Brasil.

O motivo da pendenga é a disputa pela primazia de filiar o presidente Jair Bolsonaro ao PTB, juntamente com seus filhos e apoiadores. Segundo Graciela Nienov, Cristhiane atravessou a negociação que já estava em curso para transformar Bolsonaro em petebista.

A filha de Jefferson fez convite ao presidente da República para que participasse de uma reunião com o chefão da seção paulista do partido, Otávio Fakhoury. Ao saber disso, Graciela, que já estava tratando do assunto, ficou enfurecida. A suspeita é de que Cristhiane tivesse a intenção de se gabar de uma possível filiação do presidente para ganhar poder na legenda.

O bate-boca motivou a ida de Graciela ao Hospital Samaritano, no Rio, onde Roberto Jefferson está sob custódia, depois de se submeter a cateterismo. A interina saiu da visita com o que queria: a autorização de Jefferson para defenestrar a própria filha.

A decisão foi anunciada ontem pelas redes sociais - além dela, serão submetidos à comissão de ética para expulsão o blogueiro Oswaldo Eustáquio e o pastor Fadi Faraj, aliados de Cristhiane.

O confronto, no entanto, pode ser uma das melhores traduções da expressão "muito barulho por nada".

Isso porque personagens de destaque nos bastidores da política dão como certa a entrada de Jair Bolsonaro no PP, legenda do presidente da Câmara, o alagoano Arthur Lira.

No começo, os próprios deputados do PP não viam com bons olhos a chegada de Bolsonaro e dos bolsonaristas. Com a ajuda do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que é um dos caciques do partido, as resistências foram sendo quebradas. Hoje, somente o Nordeste permanece com número significativo de descontentes.

A filiação do presidente da República ao PP é o caminho cada vez mais provável.

Por ironia, a briga entre Roberto Jefferson e sua filha pelo privilégio de atrair Bolsonaro pode ter contribuído decisivamente para que ele acabe tomando outro rumo político.