Topo

Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bolsonaro mostra ao mundo o ensaio de apocalipse causado por seu governo

Presidente Jair Bolsonaro  - Isac Nóbrega/PR
Presidente Jair Bolsonaro Imagem: Isac Nóbrega/PR

Colunista do UOL

30/10/2021 09h59

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

As lideranças mundiais do G20 estão em Roma e depois vão a Glasgow para a conferência do clima pressionadas a mostrar propostas reais para o meio ambiente, que segue rumo à degradação irreversível. O desafio dos governantes é tanto apresentar os resultados alcançados em seus países em relação às metas definidas no encontro passado, quanto lançar ideias realmente factíveis para o futuro.

Jair Bolsonaro foi à capital italiana sem levar nem uma coisa e nem outra.

A grande realização de seu mandato é a aceleração da destruição ambiental, que alcança níveis trágicos. O presidente brasileiro colabora fortemente para o desastre.

Um dos números mais significativos para demonstrar a intenção destruidora de Bolsonaro é o percentual de execução pelo seu governo do orçamento destinado a preservar as matas e florestas. Até o fim de setembro, somente 22% das verbas destinadas para o combate ao desmatamento e às queimadas foram utilizados.

Ou seja, árvores foram derrubadas e queimadas não por falta de dinheiro para custear sua proteção, mas porque o governo Bolsonaro decidiu não fazê-lo. Dos R$ 384,9 milhões em caixa para esse fim, foram gastos apenas R$ 83,5 milhões.

Está explicado porque o país registrou de agosto de 2020 a julho de 2021 o segundo pior ano da série histórica na medição do desmatamento.

As consequências da destruição estão cada vez mais visíveis mesmo para os cidadãos que normalmente não acompanham questões do meio ambiente.

Repetiram-se em São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso as impressionantes cenas em que gigantescas nuvens de poeira marrom engoliram cidades inteiras. Junto à tempestade de terra, ventos fortíssimos causaram mortes e prejuízo altos.

É um fenômeno de proporções nunca vistas no país, que governantes e população tratam com surpreendente tranquilidade. Não houve nenhuma grande mobilização para cobrar providências emergenciais das autoridades e os políticos estão agindo como se tudo estivesse normal.

É esse ensaio de apocalipse que Jair Bolsonaro tem a apresentar a seus pares, entre outras modalidades de ataque à flora e fauna do país.

O mundo está alarmado diante desse cenário, mas países que permitem a compra de árvores cortadas ilegalmente e alimentos cultivados em áreas onde só deveria haver floresta também são corresponsáveis pelo bota-abaixo bolsonarista.

As principais vítimas da criminosa gestão ambiental do governo do Brasil não estão lá fora.

São, sem dúvida, os próprios brasileiros.