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Chico Alves

REPORTAGEM

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'Salto alto' do PT é obstáculo à aliança, acreditam dirigentes do PSB

Presidente do PSB, Carlos Siqueira - Humberto Pradera/PSB
Presidente do PSB, Carlos Siqueira Imagem: Humberto Pradera/PSB

Colunista do UOL

04/01/2022 04h00

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Apesar da posição conjunta firmada ontem por grande parte da bancada do PSB no Congresso, em apoio à formação da federação partidária com o PT para as próximas eleições, integrantes da direção da legenda socialista resistem a definir a questão agora. Esse grupo, em que está incluindo o próprio presidente do partido, Carlos Siqueira, considera que os petistas estão empolgados demais com as últimas pesquisas e passaram a usar "salto alto" — ou seja, abandonaram a humildade.

Para esses pessebistas da cúpula, os petistas mudaram em poucos meses o tom usado na negociação. Além do impasse em São Paulo, onde pretendem lançar Fernando Haddad ao governo do estado, contrariando Márcio França, surgiram impasses no Rio e Pernambuco.

Até pouco tempo atrás, a candidatura de Marcelo Freixo (PSB) ao governo fluminense era vista como a única a contar com o beneplácito de Lula no Rio. Nas últimas semanas, porém, a engenharia para atrair o apoio do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), fez surgir a possibilidade de o presidenciável do PT ter mais de um palanque no estado.

O novo nó a desatar é a situação de Pernambuco, onde o senador petista Humberto Costa pode se lançar candidato a governador, atrapalhando os planos do PSB, que planejava apostar suas fichas em candidato próprio. "Pernambuco é o coração do partido, essa é uma questão bastante complicada", comentou à coluna um deputado filiado à legenda, que pediu anonimato.

A leitura dos dirigentes socialistas é que tanto as pesquisas que mostram Lula muito à frente de Bolsonaro nas intenções de voto a presidente, quanto o levantamento DataFolha que constatou que o PT tem apoio de 28% do eleitorado — muito à frente de PSDB e MDB, que vêm depois, com apenas 2% — levaram alguns petistas a acreditar que não será necessário formar federação.

A vontade manifestada pela bancada federal do PSB, que apoia a federação com o PT, tem bastante peso. Apesar disso, a cúpula pessebista resistirá enquanto os petistas continuarem a exibir o comportamento soberbo que assumiram nos últimos tempos.