Agricultores venderam arroz abaixo do preço de custo por anos
Os produtores rurais não são os responsáveis pela alta no preço do arroz, diz Alexandre Velho, presidente da Federarroz (Federação das Associações dos Arrozeiros), refutando a alegação de que um dos motivos para o produto ter ficado mais caro nos supermercados seria a estocagem pelos agricultores para fazer especulação. Em entrevista à coluna, Velho afirmou também que, se há especulação, ela está sendo feita por grandes indústrias de alimentos. "As maiores possuem estoque garantido até a próxima safra", diz Velho.
O representante da federação do Rio Grande do Sul, estado que abastece 70% do mercado brasileiro de arroz, recorda que os rizicultores brasileiros amargaram prejuízo nos últimos 5 anos, frequentemente vendendo o produto abaixo do valor de custo. "Os custos de produção do arroz ficam em torno de 45 a 50 reais a saca (de 50 Kg) e, em muitos momentos, o preço pago ao produtor foi de 30 a 35 reais", diz Velho.
Como consequência da rentabilidade em queda e de problemas climáticos, o endividamento dos rizicultores cresceu e o interesse pelo plantio caiu. "A área plantada reduziu-se de 1,17 milhão para 930 mil hectares em cinco anos no estado, e foi substituída por soja e pecuária", diz Velho.
Atualmente, a saca de arroz está valendo perto de 100 reais, mas poucos produtores têm grãos armazenados para usufruir dessa valorização. A explicação está no modelo de financiamento a que recorre a maioria dos rizicultores. Segundo Velho, 30% têm acesso a crédito agrícola oficial. Os outros 70% são financiados pela indústria e precisam pagar os empréstimos na época da safra (de janeiro a maio, no Rio Grande do Sul), ou seja, quando o valor do produto está mais baixo. Por isso, poucos têm estoque no segundo semestre.
Velho diz que conversou com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nesta terça-feira (8), para avaliar os impactos da proposta de zerar a tarifa de importação do arroz. Atualmente, a alíquota sobre o arroz vindo de países de fora do Mercosul é de 10% (com casca) e 12% (branco). "Não vejo muito impacto nessa medida, pois a tarifa permaneceria zerada só até dezembro, antes da próxima safra brasileira", diz Velho.
Até lá, a eliminação da tarifa pode ajudar no abastecimento interno, mas dificilmente reduzirá significativamente o preço do produto nas gôndolas, pois o valor internacional está alto e há poucas alternativas de quem comprar. "O arroz dos Estados Unidos seria o principal candidato, seguido da Índia", diz Velho.
O governo deve anunciar a eliminação da alíquota de importação de itens da cesta básica ainda esta semana.
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