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Diogo Schelp

Brasil se saiu pior do que resto do mundo na crise, segundo OCDE

Bolsonaro em evento da igreja Assembleia de Deus, em Brasília - Carolina Antunes/PR
Bolsonaro em evento da igreja Assembleia de Deus, em Brasília Imagem: Carolina Antunes/PR

Colunista do UOL

19/09/2020 15h35

Sem apresentar dados para comprovar o que diz, como sempre, o presidente Jair Bolsonaro gabou-se neste sábado (19), diante de uma plateia de evangélicos, que, "na parte econômica, o Brasil foi o que melhor se saiu" durante a pandemia do novo coronavírus. Não podia estar mais longe de falar a verdade.

Segundo o mais recente relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o "clube dos países ricos" do qual o governo Bolsonaro tanto almeja fazer parte, o Brasil na verdade se saiu pior do que o resto mundo do ponto de vista da economia este ano.

Com o título "Coronavirus: Living with Uncertainty" ("Coronavírus: Vivendo com a Incerteza"), o relatório da OCDE divulgado na última quarta-feira (16) estima que o Brasil vai fechar 2020 com uma redução de 6,5% no PIB, enquanto o mundo, na média, enfrentará uma queda de 4,5%.

Em uma comparação com outros 18 países, o Brasil é a mediana da amostra, ou seja, situa-se exatamente no meio do ranking da estimativa da variação do PIB em 2020 — com um desempenho melhor do que nações como Argentina e México, mas pior do que Estados Unidos e Turquia, por exemplo.

Gráfico OCDE - Fonte: OECD Economic Outlook, Interim Report September 2020 - Fonte: OECD Economic Outlook, Interim Report September 2020
Imagem: Fonte: OECD Economic Outlook, Interim Report September 2020

O único país da amostra que registrará crescimento em 2020, ainda que modesto, é a China, o local de origem da pandemia. O pior desempenho é o da África do Sul.

Na comparação com a média dos países do G20, o Brasil também perde: a estimativa para o grupo que reúne as oito maiores economias do mundo, a União Europeia e onze nações emergentes é de queda de 4,1% no PIB (diante da variação negativa de 6,5% prevista para o Brasil).

Os números, portanto, desmentem o presidente Bolsonaro. O Brasil não foi o país que melhor se saiu no enfrentamento à crise econômica provocada pela pandemia