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Diogo Schelp

Brasil supera Índia em proporção de cidadãos vacinados

A enfermeira Monica Calazans, primeira brasileira vacinada contra covid-19: imunização no Brasil começou um dia depois da Índia - Divulgação/Governo de São Paulo
A enfermeira Monica Calazans, primeira brasileira vacinada contra covid-19: imunização no Brasil começou um dia depois da Índia Imagem: Divulgação/Governo de São Paulo

Colunista do UOL

24/01/2021 14h07Atualizada em 24/01/2021 15h35

Com mais de 500.000 doses de vacina contra a covid-19 aplicadas no intervalo de uma semana, o Brasil ultrapassou a Índia em proporção de cidadãos que começaram a ser imunizados. Neste sábado (23), o Brasil registrava a marca de 0,25% da população vacinada com a primeira dose, enquanto a Índia alcançava uma cobertura de 0,11% da população, segundo dados do site World In Data.

A Índia começou a sua campanha de vacinação no sábado (16), apenas um dia antes de a enfermeira Monica Calazans se tornar a primeira brasileira a receber a CoronaVac, em São Paulo.

Apesar de ter começado com um dia de atraso em relação aos indianos, o Brasil imprimiu um ritmo de imunização proporcionalmente mais rápido do que a Índia, que na semana anterior chegou a reter a exportação de um lote de vacinas de Oxford comprado pelo governo brasileiro enquanto não iniciava a aplicação em seus próprios cidadãos.

Nos últimos sete dias, o sistema de saúde brasileiro aplicou em média 4 doses a cada 10.000 habitantes por dia, enquanto o indiano injetou 1 dose diária a cada 10.000 habitantes.

O ritmo de imunização no Brasil também já é proporcionalmente mais rápido do que o da Argentina (2 doses a cada 10.000 habitantes) e do Chile (3 doses a cada 10.000 habitantes). Chile e Argentina começaram suas campanhas de vacinação nos dias 25 e 30 de dezembro, respectivamente. O Chile já aplicou a primeira dose em 0,33% de sua população, enquanto a Argentina atingiu uma cobertura de 0,64%.

Em qualquer um dos casos, a cobertura está longe de ter um efeito positivo sobre o avanço da pandemia. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é preciso vacinar pelo menos 70% da população para que se possa observar um impacto significativo nas taxas de contaminação pelo novo coronavírus.

O desempenho brasileiro deve ser creditado aos mais de 40 anos de experiência que o país tem em campanhas de vacinação em massa e gratuita, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

A Índia é um dos maiores fabricantes de vacinas do mundo, respondendo por 60% da produção global de imunizantes. O Instituto Serum, com sede na Índia, que forneceu para o Brasil as 2 milhões de doses da vacina de Oxford, é a maior indústria de vacinas do mundo. Além disso, outra empresa indiana, a Bharat Biotech, desenvolveu sua própria vacina contra a covid-19, que obteve aprovação das autoridades indianas para uso emergencial.

Apesar da vantagem competitiva de não depender de outros países para ter acesso às doses necessárias para vacinar sua população, a Índia tem diante de si um desafio enorme para imunizar uma parcela significativa de seus cidadãos: trata-se do segundo país mais populoso do mundo, com 1,36 bilhão de habitantes.

A meta do governo é vacinar 300 milhões de indianos em oito meses, o que representa 22% da população. No plano brasileiro, só os grupos prioritários somam 77,2 milhões de pessoas, o que representa 37% da população — mas o país dispõe, por enquanto, de apenas 13 milhões de unidades das vacinas de Oxford e da Sinovac, que precisam ser aplicadas em duas doses.

No que se refere à capacidade de vacinação, para usar uma metáfora automobilística, o Brasil é um veículo rápido que precisa parar para abastecer várias vezes, enquanto a Índia é um carro um pouco mais lento, mas com excelente autonomia.