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Jamil Chade

Nova presidente da Bolívia fez posts que não agradariam Bolsonaro, e apagou

Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Colunista do UOL

14/11/2019 04h00

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Reconhecida quase imediatamente pelo governo de Jair Bolsonaro, a nova presidente da Bolívia, Jeanine Añez Chavez, assumiu o discurso ambientalista por meses e fez parte da "histeria" contra os incêndios na Amazônia.

Em suas redes sociais, ela divulgou nos últimos meses imagens de fogos na floresta e chegou a trocar sua foto para uma que dizia SOS AMAZONIA, em solidariedade às campanhas de alerta à crise ambiental. Horas depois de assumir o cargo e de ser legitimada pelo Brasil, porém, ela apagou todos os posts e abriu uma nova página no Facebook.

Em meados do ano, não apenas o território brasileiro foi afetado por incêndios na floresta. Na Bolívia, o governo chegou a decretar emergência nacional diante do mesmo fenômeno e aceitou ajuda internacional.

Mas no auge das críticas internacionais diante dos incêndios na Amazônia, o governo brasileiro lançou uma campanha e acionou suas embaixadas pelo mundo para explicar que os incêndios estavam dentro dos padrões da temporada de seca do ano.

Brasília chamou as críticas pelo mundo de "histeria", criticou a divulgação de "fake news" e chegou a sugerir, sem provas, de que tudo seria um ato de entidades ambientalistas.

Ministros do governo de Jair Bolsonaro chegaram a alertar que o uso da Amazônia era uma forma de tentar atacar Brasília por seu novo posicionamento diplomático.

Mas quem encampou essa campanha contra os governos que não conseguem agir contra os incêndios foi a senadora do país vizinho, hoje presidente. Na época, porém, tinha outro foco em seus ataques: o governo do então presidente Evo Morales. Ela o acusava de não agir de forma suficiente para conter os incêndios.

Num post nas redes sociais, ela ataca discursos de membros do governo, enquanto apela à intervenção divina. "Que Deus nos salve", escreveu em 6 de setembro, ao lado de uma imagem de incêndios.

Em agosto, ela pedia que se declarasse estado de emergência e que a ajuda internacional fosse estabelecida.

"Os ambientalistas dizem que não é um desastre. É uma catástrofe", dizia em 28 de agosto. "Não prejudica apenas os bolivianos. Mas a todo o mundo", insistiu, num discurso muito parecido ao de entidades atacadas pelo Brasil, como Greenpeace e mesmo a ONU. "O mundo se pronuncia por esses desastres. As pessoas estão desesperadas. O que o governo faz é irresponsável", completou.