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EUA financiaram rock na Venezuela para mobilizar jovens contra Chávez

Colunista do UOL

28/05/2020 08h07

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O governo dos EUA financiou bandas de rock na Venezuela, na esperança de promover a juventude a se insurgir contra o governo bolivariano de Hugo Chávez. A descoberta foi realizada por um pesquisador americano por meio das leis de acesso à informação.

Os documentos, de 2011, revelam que o financiamento tinha como objetivo "promover maior reflexão entre a juventude venezuelana sobre a liberdade de expressão, sua conexão contra a democracia e o estado da democracia em seus países".

Outro objetivo era o de fortalecer a relação entre grupos de rock e organizações da sociedade civil.

No total, o projeto custaria US$ 22,9 mil, de acordo com os documentos obtidos por meio da Freedom of Information Act. Os dados foram obtidos por Tim Gill, um sociólogo da Universidade da Carolina do Norte Wilmington.

A aprovação foi dada pela National Endowment for Democracy, uma agência de promoção da democracia fora dos EUA.

Na explicação do projeto, fica claro que há um reconhecimento do papel dos jovens em mobilizar manifestantes contra o governo. A meta, ao financiar tais grupos, era garantir que eles escrevessem "novas canções que lidem com a importância de promover e proteger a liberdade de expressão na Venezuela".

O projeto ainda previa bancar campanhas de relações públicas e até concursos para designar a melhor canção. Discos também seriam gravados com todas as músicas.

Pelo menos dez bandas seriam financiadas e meta era a de reunir inicialmente pelo menos mil jovens em eventos.

Já no governo de Nicolas Maduro, um show foi organizado na Colômbia pelo empresário britânico e dono da empresa de aviação Virgin Airlines, Richard Branson. O evento ocorreu na fronteira com a Venezuela e tinha como objetivo arrecadar dinheiro para a ajuda humanitária em Caracas.

Ao longo de anos, Washington manteve uma relação conflituosa com Caracas. Os venezuelanos ainda acusam a Casa Branca de ter, em diversas tentativas, iniciado operações para derrubar o governo.

Mas a crise se aprofundou sob Maduro. Desde janeiro de 2019, nem o Brasil e nem os americanos reconhecem o sucessor de Chávez como presidente legítimo.