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Jamil Chade

OMS se diz "preocupada" com China e cita mais de cem casos em Pequim

29.abr.2020 - O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante coletiva de imprensa - Pavlo Gonchar/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
29.abr.2020 - O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante coletiva de imprensa Imagem: Pavlo Gonchar/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Colunista do UOL

15/06/2020 13h17

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Ainda que alguns locais da Europa registrem uma queda nos números do coronavírus, a OMS pede que governos permaneçam "em alerta" diante da possibilidade de uma reaparição de casos. Para a agência, um exemplo do desafio é a China, onde mais de cem novos casos teriam já sido identificados em uma nova onda de contaminação.

Depois de 50 dias sem casos em Pequim, um novo surto foi identificado na capital, reabrindo os temores de que o país pudesse se ver mais uma vez no centro de uma transmissão. Entre dezembro e janeiro, foi justamente da China que o vírus se propagou para, hoje, atingir todos os continentes.

Michael Ryan, diretor de operações da OMS, qualificou o novo surto na China de "preocupante" e não descarta possibilidade de ampliação da atuação da OMS em Pequim. "Oferecemos apoio", indicou.

"Todos precisam estar prontos sobre a possibilidade de um ressurgimento", insistiu. "Sempre preocupa. Mas o que queremos ver é uma resposta imediata. Em outros lugares, governos conseguiram conter os surtos", disse Ryan. A OMS agora espera que a China compartilhe informação sobre o sequenciamento genético do vírus.

"Ao passar 50 dias sem caso, um novo surto é preocupante e é um evento significativo", disse Ryan. Ele aposta, porém, que as lições aprendidas pelos chineses servirão neste momento.

A avaliação da OMS é de que, seis meses depois da crise começar, todos os governos precisam ter instalado uma capacidade de monitorar e rastrear casos.

Uma abertura de economias e o fim de quarentenas ainda precisam ser seguidas por um sistema duro de vigilância. Na avaliação de Ryan, governos precisam realizar tais passos de maneira planejada e sempre com medidas de saúde pública para compensar aberturas

América do Sul continua a ver aumento de exponencial casos

Ryan também apontou que a situação da pandemia do coronavírus é "preocupante" na América do Sul. Segundo ele, porém, o Brasil "não é único epicentro" e indica que outros governos também estão sendo obrigados a lidar com um aumento de número de casos.

Com o segundo maior número de casos no mundo e segundo maior número de mortes, o Brasil passou a ser o novo epicentro da pandemia. Nos últimos 14 dias, foi o local do mundo com o maior salto no número de infectados. O Brasil também registra 20% dos casos diários no mundo e quase 25% das mortes por dia.

Ainda assim, o governo federal continua insistindo sobre a necessidade de uma reabertura da economia, enquanto governos estaduais deram o início a uma flexibilização das regras de confinamento.

Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, lembrou como o vírus precisou de dois meses para atingir os cem mil primeiros casos da doença. Hoje, mais de cem mil novos infectados são registrados todos os dias.

"Globalmente, mais de 7,8 milhões de casos foram registrados e mais de 430 ml mortes", disse. Segundo ele, 75% desses casos vem apenas de dez países, a maioria deles nas Américas", explicou.

Influenza

Outro alerta lançado pela OMS se refere à necessidade de que governos continuem agindo contra a influenza, agora que a temporada no Hemisfério Sul ganhará força. A agência pede que campanhas de vacinação sejam mantidas e indica que a circulação simultânea dos dois vírus pode ampliar os problemas para os serviços de saúde. A constatação é de que o monitoramento da doença foi afetado.

"A temporada no Hemisfério Sul já começou. Não se pode perder tempo", disse Maria van Kerkhove, diretora técnica da agência.

Um dos temores da OMS é a queda na cooperação internacional para o compartilhamento de informações sobre o vírus da influenza, o que que pode afetar a capacidade de a agência recomendar a vacina. Hoje, 500 milhões de pessoas pelo mundo recebem doses.

Atualmente, o compartilhamento de amostras do vírus sofreu uma queda "dramática". A redução de envios para laboratórios caiu em 62%, contra uma redução do sequeciamento de 94%.