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Jamil Chade

Com 26 mil casos por dia, Europa reabre debate sobre escolas

Os médicos e autoridades Mike Ryan e Tedros Adhanom Ghebreyesus também alertaram contra a redução das restrições de bloqueio muito cedo - Reuters
Os médicos e autoridades Mike Ryan e Tedros Adhanom Ghebreyesus também alertaram contra a redução das restrições de bloqueio muito cedo Imagem: Reuters

Colunista do UOL

20/08/2020 08h12

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A OMS aponta que a Europa volta a registrar uma média de 26 mil novos casos de coronavírus por dia, obrigando o continente a repensar a volta às aulas a partir de setembro. Nesta quinta-feira, países como a Alemanha e França registraram os maiores números de casos desde abril.

Em 24 horas, a França identificou 3,7 mil novos casos da doença, contra 1,7 mil na Alemanha. Na Espanha, foram outros 3,7 mil novos casos e 127 mortes, os maiores números desde meados de abril e reabrindo o temor de uma nova onda. A Itália ainda registrou 642 novos casos, algo inédito desde maio.

Para o diretor geral do escritório da Organização Mundial da Saúde na Europa, Hans Kluge, existe um risco de um potencial ressurgimento da pandemia. De acordo com ele, ainda que o continente americano continue sendo o epicentro da crise, a Europa representa quase um quinto dos casos da covid-19.

Kluge destaca como o avanço da doença tem sido constante desde julho. "Houve mais 40.000 casos na primeira semana de agosto, em comparação com a primeira semana de junho, quando os casos estavam em seu ponto mais baixo", alertou.

Para ele, o relaxamento das medidas de distanciamento social explica o salto no número de casos. A OMS acredita que, com a redução de restrições, a população também voltou a adotar velhos hábitos, sem medidas de proteção.

O dilema, porém, é que o novo avanço da doença ocorre exatamente no momento em que a Europa se prepara para iniciar um novo semestre escolar. Na Espanha, um parcela dos professores ameaça entrar em greve caso medidas reais de proteção não sejam adotadas, enquanto uma petição assinada por mais de 160 mil pais solicita que as aulas não sejam retomadas. Para que as recomendações de distanciamento e redução de lotação de classes sejam respeitadas, o governo teria de contratar mais de 100 mil novos professores.

Na França os funcionários de escolas pressionam para que a data da retomada das aulas - após as férias de verão - seja adiada. Em Paris, um grupo de pediatras enviou uma carta aberta ao governo, apontando para o risco da retomada das aulas em tais condições.

Kluge revelou que, diante do novo cenário, a OMS realizará um encontro com os países europeus para avaliar quais "medidas concretas" poderão ser tomadas para que os alunos possam retornar para as escolas de uma maneira segura.

Entre as medidas sob estudo está uma ampliação dos recursos de higiene, além de regras sobre distanciamento entre alunos e professores. Há ainda a possibilidade de repensar horários de aberturas das escolas.

Mas, conforme a OMS vem insistindo há vários dias, locais onde a transmissão comunitária é intensa devem pensar em manter as escolas fechadas.

A agência ainda aponta para o papel dos jovens em frear o vírus. A entidade quer ampliar as campanhas para conscientizar essa população do papel que ela pode ter no combate à doença. Hoje, a população de 15 a 24 anos registrou um aumento de 15% dos novos casos da COVID-19 em julho. Essa taxa era de apenas 4,5% em fevereiro.