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Na ONU, Macron critica desmatamento na Amazônia e culpa a soja transgênica

Macron e Bolsonaro no G20 - Dominique JACOVIDES/POOL/AFP
Macron e Bolsonaro no G20 Imagem: Dominique JACOVIDES/POOL/AFP

Colunista do UOL

30/09/2020 12h49

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Emmanuel Macron, presidente da França, usa a cúpula da biodiversidade da ONU (Organização das Nações Unidas) para criticar o desmatamento na Amazônia e insistir que é por uma questão ambiental que não ratificará o acordo comercial entre o Mercosul e a UE (União Europeia).

Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, fará seu discurso ainda nesta quarta-feira, uma decisão do Palácio do Planalto que surpreendeu até mesmo diplomatas brasileiros.

"O ano de 2020 deve ser o ano da conscientização diante da pandemia", disse Macron. "Há muitos anos os especialistas nos alertam sobre o desmatamento e o risco de doenças", afirmou. "Não há como preservar direitos humanos sem preservar ecossistemas", insistiu.

Macron indicou que parte da estratégia seria agir de forma coletiva contra a criminalidade ambiental. Mas defendeu que também haja uma mudança no padrão de comércio e de consumo. Para ele, o atual modelo é destruidor.

"A UE não assinou o acordo comercial com o Mercosul por ele ameaçar aumentar o desmatamento", disse.

Macron ainda atacou a produção agrícola, alertando que é "soja transgênica que nutre o desmatamento na Amazônia".

Francês anuncia cúpula ambiental "ambiciosa" em janeiro

Insistindo que suas ações não violam soberania e que conta com parceiros na região, Macron anunciou ainda uma nova cúpula de chefes de Estado em janeiro para lidar com a crise ambiental. Segundo ele, haverá um "novo acordo mundial ambicioso".

Ele ainda pediu a formação de uma coalizão internacional para garantir a proteção de 30% do planeta.

O discurso de Macron revela que os atritos com o Brasil não desapareceram. Desde 2019, os dois presidentes vem trocando ofensas e ataques, em parte por conta da atitude de Paris em pressionar por uma gestão diferente da floresta amazônica.

Há uma semana, Macron ainda deixou claro que não assinaria o acordo comercial entre as duas regiões.

No Itamaraty, o argumento é de que Paris usa a questão ambiental para justificar uma atitude protecionista no comércio.

Ursula van der Leyen, presidente da Comissão Europeia, lembrou que dados e fotos já foram publicadas de forma exaustivas sobre a crise ambiental. E nem por isso o mundo se moveu. "As mudanças climáticas estão ocorrendo diante de nossos olhos. Precisamos parar isso", declarou.