Topo

Jamil Chade

Brasil terá expansão abaixo da média mundial até fim do governo Bolsonaro

Getty Images
Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

25/01/2021 19h25

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Resumo da notícia

  • Informe anual da ONU indica que Brasil terá expansão em 2021 e 2022 abaixo da média do PIB global
  • Desempenho brasileiro também será inferior à média dos países em desenvolvimento
  • Temor da ONU é de que América Latina viva mais uma década perdida

A economia brasileira crescerá abaixo das taxas da média mundial em 2021 e 2022. Dados divulgados pela ONU nesta segunda-feira revelam que, mesmo com uma retomada da expansão do PIB em 2021, o desempenho não conseguirá acompanhar a economia global.

A previsão foi publicada no primeiro dia do Fórum Econômico Mundial, que neste ano ocorre de forma virtual. Entre os palestrantes está Paulo Guedes, ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro e que tentará mostrar aos empresários de todo o mundo que o país busca caminhos para superar a crise.

De acordo com a ONU, o mundo sofreu uma contração de 4,3% do PIB em 2020 e, para 2021, a expansão será de 4,7%. Para 2022, o crescimento perde um pouco de força. Mas ainda assim deve ser de 3,4%.

No caso do Brasil, depois de uma contração de 5,3% em 2020, o país terá uma expansão de 3,2% em 2021 e de apenas 2,2% em 2022, último ano do governo Bolsonaro. Ou seja, resultados inferiores à média da economia global.

A taxa brasileira também ficará abaixo da expansão registrada nos países emergentes ou nas economias latino-americanas. Na região, a expansão em 2021 será de 3,8%, contra 2,6% em 2022. Nos países emergentes, como um todo, a expansão será ainda mais forte. Para 2021, a taxa prevista é de 5,7%, contra 4,6% em 2022.

De uma forma geral, o temor da ONU é de que o continente latino-americano entre em mais um ciclo longo de estagnação. "Embora se projete para a América Latina e o Caribe uma recuperação moderada em 2021 e 2022, o perigo de outra década perdida - tanto em termos de crescimento econômico quanto de desenvolvimento - está se aproximando em grande escala", admitiu a ONU.

"A julgar pela experiência das crises anteriores, é provável que haja danos significativos a longo prazo à produção. Espera-se que o fechamento prolongado de escolas, os desafios associados às atividades de aprendizagem à distância e a persistência de um alto índice de desemprego tenham um efeito negativo no capital humano", avalia a instituição.

"Isso poderia exacerbar a escassez de habilidades, que tem sido uma restrição severa em muitos países. Além disso, o investimento corporativo e público provavelmente será dificultado por incertezas, demanda doméstica precária e necessidades de consolidação fiscal, o que poderia, por sua vez, asfixiar ainda mais a inovação e o crescimento da produtividade", alertou.

"Neste contexto, um ambiente de comércio global cada vez mais fragmentado e incerto poderia gerar ventos adversos externos para as exportações e o crescimento", completa.

Para a ONU, a realidade é que a pandemia "assolou" a América Latina e o Caribe, com perdas humanas pesadas e infligindo profundos prejuízos econômicos.

"Embora a maioria dos países implemente medidas de contenção precoce e rigorosas, a região se tornou um epicentro da pandemia e agora tem uma das mais altas taxas de mortalidade per capita do mundo", constatou a ONU.

"A crise sanitária tem sido acompanhada por uma recessão econômica de proporções históricas, que se mantém há vários anos, com um crescimento decepcionante", disse. "Estima-se que o PIB real tenha diminuído 8% em 2020, à medida que os prolongados lockdowns nacionais, as exportações de mercadorias mais fracas e o colapso do turismo minaram as atividades econômicas", apontou.

Em meio a uma drástica contração do emprego, estima-se que 45 milhões de pessoas na região tenham sido empurradas para a pobreza, eliminando todos os avanços feitos nos últimos 15 anos. ?

"A pandemia perturbou as atividades econômicas na América Latina e no Caribe numa época em que muitos países já estavam engajados em uma luta contra graves dificuldades econômicas", disse a ONU. "O crescimento estagnado, o fraco investimento e o espaço limitado de política macroeconômica tornaram a região altamente vulnerável a um choque global", concluiu.