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Jamil Chade

REPORTAGEM

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OMS recomenda AstraZeneca para idosos e doses terão intervalo de 2 meses

África do Sul suspende uso da vacina da Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19  - GettyImages
África do Sul suspende uso da vacina da Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19 Imagem: GettyImages

Colunista do UOL

10/02/2021 10h33

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Resumo da notícia

  • Especialistas recomendaram que vacina não seja suspensa, mesmo diante de variantes
  • Proposta também fala de intervalo de 2 a 3 meses entre primeira e segunda dose da vacina

A OMS (Organização Mundial da Saúde) da seu aval para o uso da vacina da AstraZeneca, inclusive para idosos e mesmo em locais onde variantes do vírus da covid-19 estejam circulando. A entidade também recomenda que o intervalo entre a primeira e a segunda dose da vacina da AstraZeneca seja de dois a três meses. O anúncio de como a vacina da empresa britânica deve ser administrada ocorre nesta quarta-feira, depois de uma reunião entre especialistas de todo o mundo e a direção da entidade internacional, em Genebra.

O imunizante da AstraZeneca/Oxford é a principal aposta do governo brasileiro, que fechou um acordo milionário com a empresa para garantir abastecimento e produção.

Apesar das dúvidas geradas em relação à eficácia da vacina da AstraZeneca diante das variantes do vírus nas últimas semanas, principalmente na África do Sul, os especialistas recomendaram que a imunização não deve ser interrompida e que as doses da empresa britânica devem continuar a ser administradas. "Não espere por seis meses por outra vacina", apelou a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan.

Na Europa, diversos governos optaram por evitar recomendar as doses da AstraZeneca para idosos, alegando que não existiam dados suficientes. O gesto ampliou a desconfiança em relação ao imunizante. Mas a OMS rejeitou a postura dos europeus e estimou que a vacina deve ser usada sem um limite de idade. As pessoas com mais de 65 anos, portanto, devem ser beneficiadas pela vacina.

Variantes e menor eficácia

Além disso, na África do Sul, resultados de pesquisas realizadas com pacientes contaminados por uma das variantes do vírus levaram o governo local a optar por não usar por enquanto a vacina da AstraZeneca.

Para a OMS, porém, é importante destacar que os estudos ainda são limitados e que não se referem nem a idosos e nem aos casos mais graves. Por isso, a entidade pede novas pesquisas. Mas insiste que as doses ainda podem garantir proteção e que, diante desses fatores, as vacinas devem ser dadas mesmo em locais onde as variantes estejam circulando.

"Em um pequeno teste com aproximadamente 2200 pessoas na África do Sul, um regime de duas doses da vacina Oxford/AstraZeneca resultou em uma eficácia não significativa de 21,9% contra a COVID-19 moderada", disse a OMS, em seu informe semanal. "Entretanto, a eficácia contra a COVID-19 severa, hospitalizações e mortes não foi estudada", ponderou.

A entidade admite que "a neutralização sorológica foi substancialmente reduzida em comparação com as cepas originais, com base no pequeno número de amostras analisadas".

"A análise primária dos dados dos ensaios da Fase III no contexto de cenários virais sem esta variante mostrou que a vacina AstraZeneca/Oxford oferece proteção contra doenças graves, hospitalização e morte; portanto, continua sendo de vital importância determinar a eficácia da vacina para prevenir doenças mais graves causadas pela variante 501Y.V2 (sul-africano)", completou.

Novos resultados preliminares das vacinas Novavax e Johnson & Johnson, também mostraram potencial redução da eficácia contra a mutação sul-africana.

"Os ensaios da Fase 3 da vacina Johnson & Johnson encontraram 66% de eficácia na prevenção de infecções moderadas a graves, 28 dias após a vacinação; no entanto, a eficácia variou entre os três locais de ensaio: a eficácia da África do Sul (57%) foi a mais baixa, e reflete que 95% das cepas causadoras da doença foram a variante", explicou a OMS.

"Resultados preliminares similares da Novavax mostraram 60% de eficácia contra 501Y.V2 (sul-africana", completou.

A OMS insistiu que é importante observar que estas são "descobertas preliminares" que requerem investigação adicional, incluindo a necessidade de avaliação do desempenho da vacina contra doenças graves, avaliação da atividade neutralizante em um maior número de amostras e para outras vacinas contra esta cepa, uma avaliação das mudanças na neutralização da eficácia clínica e, eventualmente, uma estimativa da eficácia destas vacinas sobre as variantes.