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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Parlamentares denunciam apartheid de Israel e cumplicidade de Bolsonaro

Fumaça e chamas em Gaza durante ataque aéreo de Israel  - Ibraheem Abu Mustafa/Reuters
Fumaça e chamas em Gaza durante ataque aéreo de Israel Imagem: Ibraheem Abu Mustafa/Reuters

Colunista do UOL

19/05/2021 10h16

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Os integrantes da Frente Parlamentar Mista pelos Direitos do Povo Palestino manifestam "a preocupação, repulsa e condenação dos atos de guerra do Estado de Israel contra populações civis de palestinos em Gaza, na Cisjordânia e nos territórios atribuídos a Israel".

Numa carta aberta que está sendo publicada nesta quarta-feira e que será entregue à embaixada palestina em Brasília, os parlamentares também "repudiam os laços econômicos, militares e políticos do governo brasileiro com estas violações".

Na última semana, a tensão entre palestinos e israelenses fez eclodir o pior momento da crise no Oriente Médio em anos e obrigando o Conselho de Segurança da ONU a realizar sucessivas reuniões em busca de um cessar-fogo. O Itamaraty, porém, não se manifestou publicamente sobre a crise.

De acordo com a carta, o grupo de parlamentares assume o compromisso de atuar para que a "cumplicidade" entre o governo brasileiro com as ações de Israel "não se aprofunde ainda mais". Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, os acenos de Brasília em direção ao governo de Israel indicaram uma aproximação, inclusive com a promessa de mudar a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, o que nunca ocorreu.

Já o documento lembra que o Brasil já reconheceu o Estado Palestino com as fronteiras de 1967 em 2010, e todos os chefes de Estado que abriram a Sessão da Assembleia Geral da ONU se posicionaram pelo fim dos conflitos na Palestina, tendo como base o respeito ao Direito Internacional, os Direitos Humanos e a busca da paz entre os povos da região.

"As agressões vêm se acirrando desde que colonos de extrema-direita praticaram invasões, saques, violência e apropriações ilegais de propriedades no bairro árabe de Sheikh Jarrah, além das violações inaceitáveis em todos os aspectos a Mesquita de Al-Aqsa e a Igreja do Santo Sepulcro, na cidade ocupada de Jerusalém", diz a carta.

Entre os senadores que assinaram o documento estão Jean Paul Prates (PT-RN), Nelson Trad Filho (PSD-MT), Paulo Paim (PT-RS) e Randolfe Rodrigues (REDE-AP).

A list dos deputados inclui Alexandre Padilha (PT-SP), Áurea Carolina (PSOL-MG), Camilo Capiberibe (PSB-AP), David Miranda (PSOL-RJ), Érika Kokai (PT-DF), Fernanda Melchiona (PSOL-RS), Gláuber Braga (PSOL-RJ), Gleise Hoffmann (PT-PR), Luiza Erundina (PSOL-SP), Marcelo Freixo (PSOL-RJ), Maria do Rosário (PT-RS), Paulo Teixeira (PT-SP) Talíria Petrone (PSOL-RJ), Tulio Gadelha (PDT-PE) e vários outros.

"Desde a noite de 10 de maio que aviões de guerra de Israel praticaram ataques criminosos lançando bombas em áreas residenciais, deixando um elevado saldo de civis mortos e feridos, entre eles muitas mulheres e crianças, além da destruição de casas, prédios de apartamentos e escritórios de órgãos de imprensa como Al-Jazeera e Associated Press, além de escolas e pontos comerciais", diz.

"Israel vem promovendo uma continuada política de limpeza étnica e apartheid contra palestinos, numa clara violação do Direito Internacional. Este tipo de postura fez com que o Tribunal Penal Internacional desse início a um inquérito para averiguar crimes de guerra cometidos pelas forças militares de Israel em Gaza desde junho de 2014, o que pode levar os dirigentes sionistas ao banco dos réus", declaram os parlamentares.

"Condenamos a tentativa israelense de expulsar palestinos de Jerusalém, os ataques a pessoas e casas palestinas nos territórios atribuídos a Israel, e os bombardeios à Faixa de Gaza ocupada, os quais já deixam um número elevado de civis mortos, incluindo muitas crianças e mulheres", dizem.

"Denunciamos que esta escalada de violência integra um regime de apartheid, ocupação e colonização, contra o qual sanções são urgentes e necessárias para alcançar uma paz justa e cumprir com a própria responsabilidade dos Estados terceiros frente as violações dos direitos humanos e do Direito Internacional perpetradas por Israel", completam.