Topo

Josias de Souza

Weintraub tornou-se fusível que queima o dono

Colunista do UOL

04/02/2020 19h40

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Em junho de 2019, ao esvaziar o Gabinete Civil de Onyx Lorenzoni, transferindo a coordenação política para o general Luiz Eduardo Ramos, alojado na Secretaria de Governo da Presidência, Jair Bolsonaro comparou os ministros a fusíveis. Disse que, "para evitar queimar o presidente, eles os ministros se queimam." Hoje, acumulam-se ao redor do presidente fusíveis queimados. Quando se abstém de substitui-los, Bolsonaro entra num processo de autocombustão.

De todos os fusíveis pifados do governo, o mais queimado no momento é Abram Weintraub, da Educação. A crise do Enem piorou um quadro que já era muito ruim. Ao manter o ministro no cargo, Bolsonaro subverte até o brocardo. Mostra que é errando que se aprende... a errar. Quem observa a conjuntura de longe se convence de que o maior erro que poderia ser cometido no momento é o de atribuir as panes gerenciais que proliferam na Esplanada aos ministros.

Na Educação, o nome do problema não é Weintraub, mas Bolsonaro. A decisão de manter o ministro revela um descaso que desgasta mais o chefe do que o auxiliar. Questionado sobre o Enem, o presidente disse que não quis ouvir um relato sobre os problemas ocorridos no exame. Alegou que estava saturado, com a cabeça cheia.

Quando Bolsonaro admite que decidiu manter um fusível queimado na estratégica pasta da Educaçao sem nem ao menos se informar sobre aquilo que transformou o que seria o maior Enem da história num transtorno para milhares de estudantes, aí o descaso vira desrespeito com a clientela do Estado. Os parlamentares arrastarão Weintraub para prestar esclarecimentos no Congresso. Mantido o comportamento habitual, o ministro dará novo vexame diante das câmeras. Mas é o dono do fusível quem sairá queimado.