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Josias de Souza

O que fará Rodrigo Maia contra Eduardo Bolsonaro?

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

12/02/2020 19h26

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A CPI das Fake News converteu-se, desde a sua criação, num colegiado voltado à tarefa de desmoralizar o instituto da CPI. O que parecia apenas desagradável tornou-se inaceitável no instante em que uma comissão constituída para combater informações falsas ofereceu palco e holofotes para um personagem desqualificado, Hans River do Nascimento, ex-funcionário da Yacows, mentir sobre fatos documentados, além de caluniar e difamar uma jornalista: Patrícia Campos Mello.

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia apressou-se em pendurar no Twitter uma manifestação sobre o episódio: "Dar falso testemunho numa comissão do Congresso é crime", ele escreveu. "Atacar a imprensa com acusações falsas de caráter sexual é baixaria com características de difamação. Falso testemunho, difamação e sexismo têm de ser punidos no rigor da lei."

Irrepreensível o posicionamento de Maia. Resta perguntar: Que providências tomará o presidente da Câmara contra o deputado Eduardo Bolsonaro? Nas pegadas do depoimento de Hans River, o filho Zero Três do presidente da República também correu às redes sociais para trombetear o pedaço mais abjeto do conjunto de mentiras do pseudo-depoente.

Eduardo Bolsonaro anotou: "Eita! Sr. Hans diz que Patrícia Campos Mello, correspondente internacional da Folha, se insinuou sexualmente para conseguir extrair informações dele. Agora imagine se fosse um homem se insinuando para cima de uma mulher!".

O filho do presidente acrescentou: "Patrícia Campos Mello foi a jornalista da Folha que entre o 1º e 2º turno da eleição 18 fez matéria acusando Jair Bolsonaro de contratar empresa que fazia disparos em massa de whatsapp. Com este artigo o PT entrou no TSE para tentar impugnar a candidatura de JB, mas perdeu".

As mentiras de Hans River já foram desmontadas pela Folha e sua jornalista que, previdente, documentou seus contatos com o sujeito. A relatora da CPI, deputada Lídice da Mata, informou que acionará o Ministério Público para investigar o mentiroso, que prestou juramento de dizer a verdade na comissão. Falta enquadrar Eduardo Bolsonaro e outros deputados que o macaquearam nas redes.

Para que Rodrigo Maia seja tomado a sério quando diz que "atacar a imprensa com acusações falsas de caráter sexual é baixaria com características de difamação", é preciso que suas palavras sejam convertidas em atos. Como comandante da Câmara, o deputado pode levar à Mesa diretora da Casa, por exemplo, uma proposta de abertura de processo de cassação do mandato do colega por quebra de decora parlamentar. Do contrário, o repúdio pode se converter numa nova modalidade de oportunismo.