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Josias de Souza

Grão-tucanos derretem e PSDB se finge de morto

Colunista do UOL

16/07/2020 19h38

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Ou o PSDB dispõe de alguma estratégia revolucionária de blindagem partidária ou a legenda se arrisca a cometer um suicídio político. Ao reagir com naturalidade ao indiciamento de Geraldo Alckmin depois de ter digerido a denúncia contra José Serra e convivido com o derretimento moral de Aécio Neves, o tucanato empurra para dentro da campanha presidencial de 2022 um passado de lama e suspeição que insiste em não passar.

Alckmin foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral. O processo ainda vai longe. O Ministério Público precisa formular a denúncia e, depois, a Justiça decidirá se abre ou não uma ação penal. Essa encrenca já estava no gavetão dos assuntos pendentes desde a campanha presidencial de 2018. Envolve repasses de R$ 10,3 milhões feitos pela Odebrecht por baixo da mesa —R$ 2 milhões na campanha de 2010, R$ 8,3 milhões na campanha de 2014.

A decomposição moral dos seus principais líderes dá ao PSDB uma aparência de médico e monstro. A diferença é que, além do controlado Doctor Jekyll e do incontido Mister Hyde, há uma terceira personalidade dentro dos tucanos: Mister Chongas. Nem bom, nem mau: indiferente. Enquanto Doctor Jekyll busca a fórmula da virtude e Mister Hyde é pilhado com a mão em todas as cumbucas, Mister Chongas se faz de morto. Ao denunciar José Serra dias atrás e indiciar Geraldo Alckmin nesta quinta-feira, a Lava Jato de São Paulo levou o PSDB a cultivar novamente o seu Mister Chongas.

Três ex-presidenciáveis tucanos frequentam o noticiário de cabeça para baixo e o PSDB se prepara para lançar a candidatura do governador João Doria em 2022 como se nada tivesse sido descoberto sobre os seus líderes. É como se Mister Chongas tivesse assumido o controle da alma tucana. Isso pode servir para muita coisa, menos para atrair a confiança do eleitor.