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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Justiça manda soltar acusado de guardar explosivos e drogas em Paraisópolis

Munição que a PM diz ter encontrado com Josenias Pereira da Silva - SSP
Munição que a PM diz ter encontrado com Josenias Pereira da Silva Imagem: SSP

Colunista do UOL

10/06/2021 04h00Atualizada em 18/06/2021 17h11

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A Justiça mandou soltar Josenias Pereira da Silva, 30, o Boy, acusado de ser o dono de 280 kg de explosivos, 138 kg de drogas, 2.420 cartuchos de diversas armas, 92 carregadores de fuzil e pistola e 90 balas de metralhadora calibre 50, encontrados na favela Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, no mês passado.

Acusado de integrar o PCC (Primeiro Comando da Capital), Boy só não saiu pela porta da frente do CDP 4 (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na zona oeste da cidade, porque contra ele há dois mandados de prisão, um por homicídio e outro pela fuga de um presídio de regime semiaberto.

Além dos explosivos encontrados em três endereços do Morumbi e Paraisópolis, policiais militares também apreenderam camisetas com emblemas das Polícias Federal e Civil, documentos de porte de arma em nome de policiais civis, além de 140 metros de cordel detonante.

Segundo o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), unidade de elite da Polícia Militar especializada em explosivos, os artefatos apreendidos, caso fossem detonados, poderia levar a comunidade de Paraisópolis pelos ares e causar uma tragédia sem precedentes, com milhares de pessoas mortas.

Josenias Pereira da Silva, o Boy, acusado de ser o dono de 280 kg de explosivos - Reprodução/SSP - Reprodução/SSP
Josenias Pereira da Silva, o Boy, acusado de ser o dono de 280 kg de explosivos
Imagem: Reprodução/SSP

Boy foi preso no dia 6 de maio deste ano por policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) na região da avenida Paulista. Ele estava hospedado com nome falso em um hotel na alameda Santos, nos Jardins.

Os PMs disseram que receberam a informação de que um foragido da Justiça estava circulando com um Mini Cooper na região da Paulista. Segundo os militares, o veículo foi avistado e Boy, ao notar a presença da viatura, tentou fugir e entrou com o carro em um hipermercado, quebrando a cancela.

Boy estava acompanhado de uma namorada. De acordo com os PMs da Rota, em uma conversa informal, o preso revelou que escondia explosivos, munição e drogas na Rua Pasquale Gallupi, no Morumbi, e na Viela Luís Caboclo e Viela Conceição, em Paraisópolis.

Além do documento falso, Boy portava vários cartões de crédito e de bancos. Um funcionário do hotel contou à Polícia Militar, que o criminoso havia feito reserva por um mês. Ao se hospedar com a namorada, o falsário se passou por empresário do setor de carnes.

Suposta confissão

Levado ao Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), da Polícia Civil, Boy foi autuado em flagrante por tráfico de drogas, porte de arma de fogo de uso restrito e falsa identidade. A namorada dele é suspeita de ter comprado o Mini Cooper por R$ 85 mil com documento falso.

A prisão em flagrante de Boy foi convertida em preventiva. Porém, no último domingo (6), o Ministério Público Estadual entendeu que "os elementos de atribuição de autoria contra o indiciado são, por ora, fraquíssimos".

Para o Ministério Público, "é temerária a atribuição de autoria só com base em uma suposta confissão informal, sem nenhum outro elemento objetivo que apontasse para a verossimilhança de confissão e, dessa forma, não há condições de oferecimento de denúncia".

O MP também considerou "necessário o aprofundamento das investigações, trazendo-se maiores elementos para a atribuição de autoria" e decidiu pedir a liberdade provisória do preso, impondo medidas cautelares. Na segunda-feira (7), a Justiça mandou soltar Boy.

O alvará de soltura não foi cumprido porque Boy era procurado sob a acusação de assassinar uma mulher e de ter tentado matar um amigo dela em 9 de setembro de 2010, no Brás, região central de São Paulo. Ele virou réu nesse processo.

Em novembro de 2013, Boy foi preso em flagrante por roubo na região de Indaiatuba (SP). Na ocasião, dois comparsas dele morreram em tiroteio com policiais militares. Ele foi condenado a cinco anos e meio. Cumpriu dois anos em regime fechado.

Em 20 de agosto de 2015 foi transferido para um presídio de regime semiaberto. No entanto, em outubro daquele ano ele acabou beneficiado com a saída temporária do Dia das Crianças e não voltou à prisão. A partir de então passou a ser considerado foragido da Justiça.

A reportagem não conseguiu contato com a advogada de Josenias Pereira da Silva.