Operação da PF dispara alarme de Bolsonaro jogar mais sujo em 2022

A operação da PF contra o ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes dispara um alarme sobre o jogo sujo que uma Polícia Federal a serviço do político de Jair Bolsonaro pode fazer nas eleições de 2022. Ciro e o irmão e senador Cid Gomes, ambos do PDT, foram alvo hoje de mandados de busca e apreensão sobre supostas irregularidades na construção do estádio Castelão.

A PF se baseou em delações premiadas de executivos da Galvão Engenharia e apresentou seus pedidos à Justiça Federal do Ceará, que autorizou os procedimentos. Hoje, diante de todos os abusos que ocorreram no âmbito da Lava Jato, delações premiadas devem ser vistas com reserva para justificar determinadas medidas judiciais

Em 2021, soa exagerada a realização de busca e apreensão de um inquérito que começou em 2017 a respeito de obra feita em 2012 e 2013. A manipulação de investigações sobre caixa 2 para que se transformem em casos de corrupção ativa e lavagem de dinheiro ocorreu na Lava Jato e tem resultado no cancelamento de investigações e processos.

Bolsonaro nunca escondeu de ninguém o interesse em controlar investigações da PF, sobretudo aquelas que podem envolvê-lo e seus familiares. O conflito que resultou na saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça se deveu a uma briga entre presidente e ministro pelo controle político da corporação.

O governo Bolsonaro derrete a olhos vistos. A economia está em frangalhos. Políticas públicas têm sido destruídas. Não há obra ou feito que o presidente possa defender para justificar a sua reeleição. Bolsonaro é o pior presidente da nossa História. Pesquisas apontam possibilidade de vitória do ex-presidente Lula em 2022.

Nesse contexto, não deve ser subestimada a capacidade de Bolsonaro de usar a mentira como arma política de modo ainda mais acintoso do que em 2018. Agora, ele tem ao seu alcance instituições do Estado que busca moldar aos seus interesses eleitorais e jurídicos. O presidente colocou um general da reserva no Gabinete da Segurança Institucional, Augusto Heleno, que diz tomar sossega-leão na veia para impedir Bolsonaro de atacar o Supremo Tribunal Federal. É este o tamanho do buraco em que nos metemos.

Bolsonaro mente todos os dias ao país e estimula agressões contra a imprensa. Turbinar operações policiais contra adversários eleitorais pode ser café pequeno para uma figura diretamente responsável por mais brasileiros terem adoecido e morrido na pandemia.

Se o Brasil acha que viu o pior de Bolsonaro na campanha de 2018, não perde por esperar. O jogo sujo bolsonarista tende a ser ainda pior em 2022. O genocida, com instrumentos de poder nas mãos, é movido pelo desespero de quem foge da Justiça e da polícia.

Tapa de luva de pelica

Lula acertou ao se solidarizar com Ciro e Cid Gomes. Argumentou bem: "Quero prestar minha solidariedade ao senador Cid Gomes e ao pré-candidato a presidente Ciro Gomes, que tiveram suas casas invadidas sem necessidade, sem serem intimados para depor e sem levar em conta a trajetória de vida idônea dos dois. Eles merecem ser respeitados".

Ciro, que criticou Lula de manhã na entrevista em que apontava interesse político de Bolsonaro na operação da PF, agradeceu depois o petista numa rede social.