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Mauricio Stycer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Após 13 anos, me despeço da cobertura do BBB

Max, Priscila e Francine, o trio que chegou à final do "BBB 9" - Reprodução/TV Globo
Max, Priscila e Francine, o trio que chegou à final do "BBB 9" Imagem: Reprodução/TV Globo

Colunista do UOL

17/01/2022 13h16

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Em dezembro de 2008 atuava como repórter especial do portal iG quando, numa conversa com a editora Mariana Castro, sugeri fazer uma coluna sobre o BBB 9. Sempre gostei do reality da Globo, mas nunca havia escrito a respeito. A ideia foi bem recebida e, em janeiro de 2009, dei início ao trabalho.

Escrevendo duas vezes por semana, inicialmente, me interessei por três aspectos do programa: a forma como ele é editado e apresentado diariamente ao público ("Mr. Edição"), as decisões tomadas pela direção (Boninho) e a interação com os participantes (Bial/Leifert).

Em meio a muitos preconceitos e lamentações de colegas pela minha decisão de escrever sobre BBB, a coluna causou alguma surpresa positiva.

Até mesmo o apresentador do reality se surpreendeu. Numa interação com a participante Priscila Pires, ao vivo, Pedro Bial fez referência a uma reclamação que eu estava fazendo a ele: "Tem um brother meu que não gosta que eu chame a Priscila de Princesa. Um brother meu que escreve críticas sobre o programa", disse. "Por quê?", perguntou Priscila. E ele: "Deve ser ciúme".

No ano seguinte, a convite de Marion Strecker, no UOL, a coluna tomou outra proporção, alcançando um número muito maior de leitores. O portal cobria o BBB com grande cuidado desde o início e sempre entendeu o impacto que o reality provocava na internet. Passei a fazer também um programa em vídeo, BBB na Berlinda, entrevistando ex-participantes e gente interessada no assunto.

Ao longo desses 13 anos, acho que dei algumas contribuições no sentido de explicar as razões que tornaram o BBB um programa tão assistido, atraente e bem-sucedido comercialmente.

A compreensão acumulada ao longo deste período me levou a sugerir ao UOL a realização de dois documentários sobre o reality: "O Lado B do BBB", exibido em 2020, e "BBB: Casos de Polícia" (aqui e aqui), em 2021. Ambos me deram muito prazer em fazer e alcançaram ótima repercussão.

De um modo geral, a audiência da coluna durante o BBB atingia picos. A partir de 2020, com a entrada dos "famosos" e a pandemia de coronavírus, o interesse aumentou ainda mais. E a audiência, como de todo o UOL, bateu novos recordes.

Por causa deste "sucesso", me vi estimulado a escrever diariamente. E acabei falando também sobre os participantes, algo que nunca me agradou fazer.

Nas últimas edições, a oferta de comentaristas sobre o BBB explodiu. E qualquer coisa que fosse escrita sobre o programa gerava audiência. Tornou-se, para mim, um processo quase automatizado - e cansativo.

Com a entrada dos participantes famosos e o impacto cada vez maior do Instagram, ficou ainda mais explícito que a contribuição que eu poderia dar era muito limitada.

O BBB sempre foi um negócio. No início, apenas para a Globo e um ou outro ex-participante, que faturava uns cobres com a fama. Depois, se tornou relevante também para os veículos que investiram na cobertura jornalística do programa. Hoje o reality da Globo movimenta toda uma indústria de comunicação (e comunicadores), que fatura com a atenção despertada pelo programa.

Ao final do BBB 21, não tinha mais dúvidas de que estava girando em torno do mesmo lugar. Em maio do ano passado, pedi ao UOL para deixar a área de Entretenimento e me transferir para Notícias. Sigo escrevendo sobre televisão, mas com foco em outras questões. Eventualmente, até sobre o BBB, mas sem a obrigação de acompanhar o programa diariamente.

Bom BBB 22 para quem vai assistir.