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Paulo Sampaio

Nunca tive tanto tempo para arrumar meu closet, diz Val Marchiori

Val Marchiori enfrenta a quarentena na companhia dos filhos e do namorado, o empresário Thiago Castilho: "Sou muito romântica" - Fernando Moraes
Val Marchiori enfrenta a quarentena na companhia dos filhos e do namorado, o empresário Thiago Castilho: "Sou muito romântica" Imagem: Fernando Moraes

Colunista do UOL

01/04/2020 04h00

Quando Val Marchiori fala em arrumar seu armário de roupas, não é pouca coisa. Ela está se referindo a mais de 300 vestidos e cerca de 100 sapatos. "A quarentena prendeu a gente em casa, sem muito o que fazer", diz. "Aproveitei para dar uma geral no closet."

A "mulher rica" do lendário reality show diz que está apreensiva com os prováveis efeitos do isolamento domiciliar em seus rendimentos, mas não teme ficar "pobre de novo". Nascida em um sítio na região rural de Arapongas, a 380 km de Curitiba, ela conta que aos 15 anos já vendia "avonzinhos" e aprendeu a poupar com a avó.

"O brasileiro ganha dez, gasta vinte", diz ela, que é formada em contabilidade e cuida dos próprios investimentos. Na opinião de Val, a "quebradeira financeira" que se aproxima "vai atingir todas as classes sociais".

Sem frescura

Val garante que as tarefas domésticas não tiram seu humor, embora tenha mantido o motorista e uma das funcionárias ("que não está no grupo de risco"). "Não tenho frescura em fazer serviço de casa não. Desde menina eu lavava, passava, cozinhava para quatro irmãos homens e meu pai."

Apesar de o pai de seus filhos gêmeos bivitelinos, o empresário Evaldo Ulinsky, ser muito rico e se referir a ela como "alpinista social", Val diz que já tinha dinheiro antes de engravidar.

Marchiori na sala de casa, com um modelo Versace; ao fundo, o cavalo-abajur que mandou trazer da Itália, e a mesa para 12 pessoas - Fernando Moraes - Fernando Moraes
Marchiori na sala de casa, com um modelo Versace; ao fundo, o cavalo-abajur que mandou trazer da Itália, e a mesa para 12 pessoas
Imagem: Fernando Moraes

Além de vender cosméticos e fazer uns bicos como modelo fotográfico, pouco depois da adolescência ela entrou como sócia minoritária em um caminhão que seu pai e seus tios adquiriram para transportar a pequena produção de café e grãos do sítio. E então comprou outro, mais um, até que, aos 19 anos, ela e o irmão eram donos de uma transportadora de mais de 100 caminhões.

Primeiro Versace

Depois de vender sua parte, Val passou a viver da aplicação desse dinheiro — e não, diz ela, como muitos imaginam, da pensão alimentícia de seus filhos nem do empréstimo irregular, segundo apuração do TCU (Tribunal de Contas da União), de 2,7 milhões, liberado pelo ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine, preso na Operação Lava Jato.

"Comprei meu primeiro (vestido) Versace aos 19 anos, com dinheiro que ganhei na transportadora", afirma.

Na entrevista abaixo, ela comenta a atitude do presidente Jair Bolsonaro em relação pandemia, conta o que mudou em seu cotidiano e fala que no momento "a gente tem de se unir para enfrentar a situação".

UOL — Você me disse em uma entrevista anterior que deu seu voto ao candidato Jair Bolsonaro. Concorda com o ponto de vista dele sobre a quarentena — de que é apenas uma gripe e que as pessoas devem "viver normalmente"?

Val Marchiori — Eu não disse que votei em Bolsonaro! Posso ter dito que não havia opção...Na verdade, acho que eu nem votei, é, acho que estava viajando, fora do País.

UOL — Mas concorda com a ideia de que é apenas uma gripe e que as pessoas devem voltar a "viver normalmente"?

Que é uma gripe como as outras, não. Não concordo. Eu nasci na roça, em um lugar sem nenhum recurso, e as pessoas não morriam de gripe como agora.

Eu concordo sim, que quem está fora da faixa de risco, não tem 70 anos, não é diabético, não tem pressão alta nem sofre de câncer, pode ir voltando aos poucos ao trabalho. Começando, digamos, daqui a uns 15 dias.

UOL — O que mudou no seu cotidiano?

Ah, muita coisa. Meus filhos (gêmeos, de 14 anos) agora ficam o dia todo em casa, fazem alguns cursos, como de bateria, à distância. Tive de ficar com apenas uma funcionária, a que não é do grupo de risco, ela vem dia sim, dia não. Mas ela não pega ônibus, nem metrô. O motorista vai buscá-la e levá-la em casa.

UOL — Onde ela mora?

Boa pergunta (Val indaga o marido, que está perto). No Grajaú (zona sul), acho. Não tenho certeza. Sei que é longe.

UOL — Nos dias em que a funcionária não vem, você lava louça, roupa, passa pano no chão?

Não tenho frescura com isso não. Nasci em um sítio, minha mãe foi embora de casa, eu era a única mulher entre quatro irmãos, e com 12, 13 anos eu já fazia tudo, lavava, passava, arrumava...só cozinhar é que nunca foi meu forte. Fazia o básico.

Depois, morei nos Estados Unidos durante um ano, lá a gente só tinha faxineira uma vez por semana. No resto, a gente mesmo fazia.

Atualmente, se precisar dar uma geral, limpar meu toalete, sem problema. Eu acho que no momento a gente tem de se unir para enfrentar a situação.

UOL — Quantos metros quadrados tem seu apartamento?

Oitocentos e sessenta.

UOL — Então, se você for fazer a "limpeza pesada" das cinco suítes, o lavabo, o cavalo de bronze em tamanho natural que você tem na sala, o sofá de nove lugares, a mesa de 12, a prataria, os bibelôs, isso não pode dar até mais trabalho que o sítio?

Claro que não! Você já carpiu? E agora, estamos isolados em casa. Nunca tive tanto tempo para arrumar meu closet.

UOL — Qual o tamanho do closet? Quantos vestidos?

Tem 40 metros quadrados, 18 metros lineares de armários. Mais de 300 vestidos.

UOL — Você é uma mulher declaradamente vaidosa. Como tem feito com cabeleireiro, manicure?

Isso realmente tá duro. Na verdade, essa minha funcionária que continua vindo é tipo uma "faz tudo". Foi manicure antes, então resolve minhas unhas. Meu cabeleireiro, o Matheus, diz que está indo na casa das pessoas e já se ofereceu para vir aqui. Eu estou segurando o quanto posso. Mas, se precisar, eu vou chamar, não tenho problema com isso não. Evitei até aqui, mais pelos meninos (filhos).

UOL — Acha que, como grande parte da população, vai sofrer o impacto da quarentena na economia?

Vai atingir todas as classes sociais. Será ruim para todo mundo. Quem poupa tem mais possibilidade de se recuperar.

UOL — E os muito pobres, ou desempregados, como vão poupar?

Ah, sempre dá para fazer um bico e guardar algum. Nem que seja 1 real. O problema do brasileiro é que ele ganha 10, gasta 20. Eu comprei o primeiro caminhão da transportadora com a minha poupança.

Você, hoje, tem muito dinheiro aplicado. Os especuladores financeiros, em boa parte das vezes, saem de uma crise melhores do que entraram.

A Bolsa de Valores caiu muito, mas é um investimento de longo prazo. O dono da Tecnisa mora aqui no prédio, o preço das ações da empresa baixaram, por exemplo, então tem de esperar.

Você investe na Bolsa? Quem cuida das suas finanças?

Sim, invisto na Bolsa também. Na verdade, procuro distribuir em várias aplicações. Sou contadora formada.

Gosta de matemática?

Gosto de dinheiro, amor.