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Reinaldo Azevedo

Amiguinhos de infância dos Bolsonaros formavam Academia de Jovens Platões

Vicente Santini tem a mais importante qualificação para trabalhar do governo Bolsonaro: é amigo dos filhos - Rosinei Coutinhio/SCO/STF
Vicente Santini tem a mais importante qualificação para trabalhar do governo Bolsonaro: é amigo dos filhos Imagem: Rosinei Coutinhio/SCO/STF

Colunista do UOL

30/01/2020 06h52

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O presidente Jair Bolsonaro destituiu Vicente Santini da secretaria-executiva da Casa Civil com a velocidade de um raio. E o reconduziu a um outro posto do mesmo ministério, com praticamente o mesmo salário, com igual velocidade. Na verdade, o presidente demitiu; os filhos recontrataram. E o paizão — um homem de família — faz o que querem seus rebentos. Sempre foi assim.

Para lembrar: o rapaz decidiu usar um jato da FAB, em companhia de duas assessoras, para se deslocar de Davos à Índia, onde se juntou à comitiva presidencial. Bolsonaro considerou um desperdício de dinheiro. Demitiu o rapaz do cargo de confiança e ainda sugeriu que poderia haver alguma punição adicional.

O chilique durou 24 horas. Foi o tempo de a filharada entrar em ação. Santini, filho de general, é "amigo das crianças" desde a juventude. O mesmo, diga-se, acontece com Gustavo Montezano, presidente do BNDES. Os amiguchos dos Bolsonarinhos formavam uma verdadeira Escola de Platão da administração pública, e a gente não sabia.

Convenham: basta olhar para a cara do trio (Flávio, Carlos e Eduardo), e a gente vê a vocação para a coisa pública gravada no cenho sempre grave, a sugerir uma inteligência superior desde a mais tenra idade — no que são a cara escarrada do pai, diga-se.

E assim ficamos. Depois de toda a confusão, Santini não precisa nem trocar de endereço. Só o salário encurtou um tantinho: cai para R$ 16.944,90 — R$ 300 reais a menos. Nem dá para sentir.

Com 13 meses de governo Bolsonaro, tem-se uma certeza. O maior adversário de quem pretende ter um cargo no governo é a inimizade de um dos "meninos". Assim como a amizade é garantia de emprego.

Cumpre lembrar as palavras do presidente ao anunciar a demissão de Santini da secretaria-executiva da Casa Civil:
"Inadmissível o que aconteceu. Já está destituído da função de executivo do Onyx [Lorenzoni]. Destituído por mim. Vou conversar com Onyx para decidir quais outras medidas podem ser tomadas contra ele. É inadmissível o que aconteceu, ponto final".

Entendi.

Inadmissível! Ponto final! Está contratado!

ATUALIZAÇÃO: às 7h17, no Twitter, o presidente informou que iria "Tornar sem efeito a admissão do servidor Santini" e que iria "exonerar o interino da Casa Civil". Leia mais na Folha.