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Reinaldo Azevedo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pesquisa Quaest 1: Lula poderia vencer no 1º turno em todos os cenários

Colunista do UOL

11/05/2022 07h01

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Se a eleição fosse hoje, o petista Luiz Inácio Lula da Silva poderia vencer a disputa no primeiro turno mesmo no cenário mais inóspito. É o que aponta pesquisa Genial-Quaest divulgada nesta quarta. A do mês passado, diga-se, já indicava essa possibilidade, mas de modo menos claro. O levantamento foi feito entre os dias 5 e 8 por meio de entrevistas presenciais. Bolsonaro parecia ensaiar uma recuperação, mas é possível que seu extremismo o esteja impedindo de crescer. Vamos lá. No cenário mais amplo possível, Lula teria 46% das intenções de voto contra 44% da soma de possíveis adversários.

PRIMEIRO TURNO
Cenário 1

- Lula da Silva (PT): 46%
- Jair Bolsonaro (PL): 29%
- Ciro Gomes (PDT): 7%
- João Doria (PSDB): 3%
- André Janones (Avante): 3%
- Simone Tebet (MDB): 1%
- Felipe Dávila (Novo): 1%
- Luciano Bivar (UB): 0%
- Branco/nulo/não vota: 6%
- Indeciso: 3%

Cenário 2
Numa hipótese em que Ciro mantivesse a postulação, e Doria fosse o candidato do que chamam "terceira via", Lula ficaria com 46%, contra 44% dos adversários:
- Lula: 46%
- Bolsonaro: 31%
- Ciro: 9%
- Doria: 4%

Cenário 3
Caso Ciro retire a sua candidatura, e o ex-governador de São Paulo seja a escolha da terceira via, o petista chega a 50% dos votos:
- Lula: 50%
- Bolsonaro: 33%
- Doria: 5%

Cenário 4
Lula poderia romper a barreira dos 50% numa disputa sem Ciro, tendo Simone Tebet como nome alternativo aos dois líderes:
- Lula: 51%
- Bolsonaro: 33%
- Simone: 4%

Cenário 5
Com a permanência de Ciro e mantendo Simone no páreo, eis os números:
- Lula: 48%
- Bolsonaro: 31%
- Ciro: 9%
- Simone: 2%

Cenário 6
Uma disputa entre Lula, Bolsonaro e Ciro teria estes números:
- Lula 48%
- Bolsonaro: 32%
- Ciro: 10%

O QUE ESSAS SIMULAÇÕES EVIDENCIAM?
1: Caso reste um único postulante identificado com o que se chama "terceira via" (Ciro não entra nessa categoria), esse nome -- João Doria ou Simone Tebet -- não herda a totalidade dos votos do grupo: parte migra para Bolsonaro, que pode chegar a 33%;

2: Lula seria o principal beneficiário caso Ciro desistisse, o que faz sentido, dada a natureza da postulação, com viés de esquerda;

3: a candidatura de Ciro enfrenta uma dificuldade objetiva: num cenário (6) com apenas três nomes, ganha apenas 3 dos oito pontos dos que desistissem, tomando-se o Cenário 1 como referência. Lula herdaria dois, e Bolsonaro, 3.

4: não é possível fazer comparação exata com cenários testados em pesquisas anteriores, mas se pode afirmar que tudo indica que Bolsonaro estacionou na comparação com o levantamento do mês passado e que Lula esboça ligeira tendência de crescimento.

SEGUNDO TURNO
Agora, sim, vamos a simulações que remetem a séries históricas, com dados comparáveis.

Num segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o petista teria 54% das intenções de voto, contra 34% do atual presidente — os mesmos números da simulação de abril. Atenção! Esses índices variam dentro da margem de erro desde setembro do ano passado (55% a 30%). O mês atípico foi novembro, com a melhor marca de Lula (57%) e a pior de Bolsonaro (27%).

A pesquisa testou apenas dois outros cenários de segundo turno: Lula venceria Ciro por 53% a 24% (55% a 22% no mês passado) e bateria Simone Tebet por 58% a 17%, hipótese não testada em abril.

REJEIÇÃO E POTENCIAL
Lula segue sendo o nome menos rejeitado entre os candidatos muito conhecidos: 43% dizem que não votariam nele de jeito nenhum (em abril, 42%), mas 38% dizem que o fariam com certeza, e 17%, que poderiam fazê-lo, o que soma 55%. É o único com potencial de voto maior do que a rejeição.

Seu antípoda, Bolsonaro, é rejeitado por 59%. Afirmam certamente votar nele 24%, e 13% dizem que poderiam fazê-lo, somando 37%. O saldo é bastante negativo.

Doria empata com o atual presidente em rejeição (59%), mas apenas 2% expressam voto certo; outros 14% flertam com a possibilidade. A rejeição a Ciro é de 55%, mas com potencial de voto maior: 4% escolherão certamente seu nome, e amplos 25% anuem com a possibilidade. Ocorre que parcela considerável dessa turma deve querer um candidato de esquerda. E acaba escolhendo Lula.

A maioria esmagadora do eleitorado diz que seu voto está consolidado e que não muda de opinião: 63%. Dizem que ainda podem fazê-lo 35%. Os eleitores de Lula e Bolsonaro se mostram mais convictos: 76% e 75%, respectivamente, anunciam que manterão seu voto. Entre os que rejeitam a ambos, 69% dizem que assim continuarão, mas 29% ainda admitem mudança.

CONCLUINDO
Até agora, nada indica que exista a possibilidade de prosperar um nome alternativo a isso que chamam "polarização", expressão que entendo absolutamente imprópria e já disse por quê.

O trânsito da terceira via com Ciro não parece, igualmente, possível. E, justiça se faça, ele não faz mesuras em busca de uma composição. A candidatura, por outro lado, estacionou. As críticas duras que têm dirigido a Lula e a Bolsonaro não parecem, até aqui, ter convencido o eleitorado.

Não se pode ignorar que há uma vontade consolidada do eleitorado desde setembro ao menos.